sábado, 31 de outubro de 2009

Happy Halloween! Feliz Dia do Saci!



Meu país não possui a tradição de comemorar a festa de Halloween e, nem poderia tê-la por sua idade...O que nos chegou veio na bagagem dos viajantes europeus, dos filmes e das festas realizadas nos cursos de Inglês, como ilustração da cultura norte-americana.


Em 2005, numa tentativa de valorização e resgate do folclore nacional, o dia 31 de outubro foi instituído como o Dia do Saci (autoria de Aldo Rebelo e Ângela Guadagnin). Este traquinas personagem folclórico, surgido das culturas indígena e africana, é representado no imaginário popular como um jovem negro de apenas uma perna (posto que perdeu a outra em uma luta de capoeira) usando um gorro vermelho e com um charuto à boca.Atribui-se a ele também grande conhecimento no uso de plantas medicinais.

Coloco abaixo o texto traduzido do site The History Channel (por Luciana Misura) que explica as origens do atual Halloween com enfoque nos Estados Unidos:

A origem da festa de Halloween data da época dos antigos festivais celtas de solstício de verão. Este povo que viveu há 2000 anos na área que hoje é a Irlanda, o Reino Unido e o norte da França, celebrava o seu ano novo em 1 de novembro. Este dia marcava o fim do verão e da colheita, e o início do inverno escuro e rigoroso, uma época do ano que foi sempre associada com a morte. Os celtas acreditavam que na noite anterior ao ano novo, a fronteira entre os mundos dos vivos e dos mortos se tornava tênue. Na noite de 31 de outubro, eles celebravam um ritual chamado Samhain (palavra de origem gálica que significa novembro), onde eles acreditavam que os fantasmas dos mortos retornavam para a terra. Além de causar confusão e prejuízos para a colheita, os celtas pensavam que a presença dos espíritos tornava mais fácil para os sacerdotes druidas fazerem suas previsões sobre o futuro. Como eram um povo dependente do mundo espiritual, estas profecias eram fonte importante de conforto e direcionamento durante o longo inverno.

Para comemorar o evento, os sacerdotes druidas faziam enormes fogueiras, onde as pessoas se reuniam para queimar oferendas (parte da colheita) e sacrificar animais para suas divindades. Durante a comemoração, os celtas vestiam roupas especiais, que eram tipicamente cabeças de animais e peles, e tentavam ler a sorte uns dos outros. Depois que a comemoração terminava, eles acendiam suas lareiras, que tinham sido apagadas antes da noite começar, com o fogo das fogueiras, para trazer proteção durante o inverno que se iniciava.

Em 43 d.C., os romanos tinham conquistado a maior parte do território celta. Durante os 400 anos que eles dominaram as terras celtas, duas festividades de origens romanas foram combinadas com a tradicional comemoração celta do Samhain. A primeira se chamava Feralia, um dia no final de outubro quando os romanos tradicionalmente comemoravam a passagem dos espíritos do mundo dos vivos para os mortos. A segunda era um dia para homenagear Ponoma, a deusa romana das frutas e árvores. O símbolo de Ponoma é a maçã, e com a incorporação desta festividade pela celebração celta, deu-se início à tradição de pescar as maçãs, onde as frutas são colocadas em uma bacia com água e as pessoas são convidadas a pegar uma maçã usando somente a boca. Esta tradição é mantida até hoje nas festas de Halloween.

Por volta do ano 800, a influência do cristianismo tinha se espalhado pelas terras celtas. No século 17, o papa Bonifácio IV decretou o dia 1 de novembro como o dia de Todos os Santos, um momento para homenagear santos e mártires. Hoje em dia acredita-se que o papa estava tentando substituir a celebração celta por uma comemoração da mesma natureza, só que aprovada pela igreja. A celebração também era chamada All-hallows ou All-hallowmas (do inglês antigo Alholomesse, que significa All-saints, Todos os Santos) e a noite anterior, a noite do Samhain, começou a ser chamada de noite de Todos os Santos (all-hallows-eve) e, mais tarde, Halloween. Por volta do ano 1000, a Igreja decretou o dia 2 de novembro como o dia dos espíritos, em honra aos mortos. Era celebrado de forma similar ao Samhain celta, com grandes fogueiras, desfiles e as fantasias de santos, anjos e demônios. Juntas, estas três celebrações, a noite de todos os santos, o dia de todos os santos e o dia dos mortos, eram chamadas de Hallowmas.

A tradição americana do “trick-or-treating” (quando as crianças saem para pedir doces ou aprontam gracinhas com quem não entra na brincadeira), provavelmente data dos primeiros desfiles do dia dos mortos na Inglaterra. Durante as festividades, os pobres pediam comida e as famílias davam bolos chamados “soul cakes” (bolos da alma), como uma gratificação por suas promessas de rezarem pelas almas dos familiares mortos. A distribuição desses bolos era encorajada pela Igreja como uma forma de substituir a antiga prática de deixar comida e vinho para os espíritos errantes. A prática, que era chamada de “going a-souling” foi sendo dominada pelas crianças, que visitavam as casas da vizinhança e recebiam bebidas, comida e dinheiro.

A tradição das fantasias tem raízes européias e celtas. Séculos atrás, o inverno era uma época incerta e assustadora. As reservas de comida muitas vezes eram escassas e, para muitas pessoas com medo da escuridão, os curtos dias de inverno eram cheios de ansiedade. No Halloween, quando acreditava-se que os fantasmas voltavam para o mundo terreno, as pessoas pensavam que poderiam encontrar fantasmas se saíssem de casa. Para evitar serem reconhecidas pelos fantasmas, as pessoas usavam máscaras quando saíam de casa após o pôr-do-sol, para que os fantasmas as confundissem com seus amigos espíritos. No Halloween, para manter os fantasmas afastados de suas casas, as pessoas colocavam pratos de comida do lado de fora para acalmar os espíritos e evitar que eles resolvessem entrar.

Com a vinda dos imigrantes europeus para os EUA, vieram também seus variados costumes de Halloween. Por causa do rígido controle da religião protestante que caracterizou os primeiros anos da Nova Inglaterra, a comemoração do Halloween nos tempos coloniais era extremamente limitada. Era muito mais comum em Maryland e nas colônias do sul. Com as diferenças de crenças e costumes de diferentes grupos étnicos europeus, misturados ainda com os costumes dos índios americanos, uma nova e específica forma de comemorar o Halloween se iniciava. As primeiras comemorações incluíam eventos para celebrar a colheita, onde os vizinhos partilhavam histórias dos mortos, fazendo previsões uns para os outros, dançando e cantando. Nas festas de Halloween coloniais também se contavam histórias de fantasmas e as pessoas faziam brincadeiras de todos os tipos (pregando peças umas nas outras). A partir da metade do século 19, festividades anuais de outono eram comuns, mas o Halloween ainda não era celebrado em todas as partes do país.

Na segunda metade do século 19, os EUA foram inundados por uma nova onda de imigração. Estes novos imigrantes, especialmente os milhões de irlandeses escapando da fome na Irlanda em 1846, ajudaram a popularizar a comemoração de Halloween nacionalmente. Baseados na tradição irlandesa e inglesa, os americanos começaram a usar fantasias e ir de casa em casa pedindo comida ou dinheiro, prática que se tornou o “trick-or-treat” infantil de hoje. As mulheres jovens acreditavam que, no Halloween, elas poderiam adivinhar o nome ou aparência dos seus futuros maridos fazendo algumas simpatias.

No final dos anos 1800, houve um movimento nos EUA para tornar o Halloween um feriado que fosse mais voltado para a união da comunidade, da vizinhança, ao invés de fantasmas e bruxarias. Na virada do século, as festas para crianças e adultos se tornaram a forma mais corriqueira de celebrar a data. Festas com muitas brincadeiras, comidas da estação e roupas alegres. Os pais eram encorajados pelos jornais e pelos líderes comunitários a remover tudo de assustador ou grotesco das festas de Halloween. Por causa desses esforços, o Halloween perdeu grande parte do seu tom superticioso e religioso no início do século 20.

Nos anos 20 e 30, a festa se tornou um centenário feriado focado na comunidade, com desfiles e festas nas cidades como principal diversão. Contrariando os esforços de muitas escolas e comunidades, atos de vandalismo começaram a se tornar uma praga nas celebrações de Halloween em muitos locais. Nos anos 50, líderes comunitários conseguiram minimizar o problema e a festa evoluiu para uma celebração voltada para as crianças. Devido ao grande número de crianças durante o baby boom dos anos 50, as festas passaram dos prédios públicos para as salas de aula ou residências, onde podiam ser mais facilmente acomodadas. Entre 1920 e 1950, as tradições centenárias de trick-or-treating foram trazidas de volta. Trick-or-treating era uma atividade barata para a vizinhança celebrar o Halloween. Teoricamente, as famílias podiam prevenir qualquer brincadeira de mau gosto (tricks) distribuindo doces (treats) para as crianças. Uma nova tradição americana nascia, e ainda continua a crescer. Hoje, os americanos gastam aproximadamente US$ 6 bilhões por ano com o Halloween, fazendo com que seja o segundo maior feriado em vendas para o comércio.

Não é a toa que as lojas estão forradas de abóboras, esqueletos, fantasias e doces, de todos os tamanhos e para todos os bolsos. Os supermercados vendem abóboras enormes, para os tradicionais entalhes e doces, como a torta de abóbora (pumpkin pie) que é tradicional e aparece também no dia de Ação de Graças (Thanksgiving e no Natal).



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