sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Código de Ética dos índios norte americanos


CÓDIGO de ÉTICA dos ÍNDIOS NORTE-AMERICANOS


Levante-se com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência. O GRANDE ESPÍRITO o escutará, se você ao menos, falar!

Seja TOLERANTE com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza, originam-se de uma alma perdida. Ore para que eles reencontrem o caminho do Grande Espírito.

Procure conhecer-se, por si mesmo. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua! Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você! Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os com o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.

Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza, ou da cultura. Se não lhe foi dado, não é seu! Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas, plantas ou animais.

RESPEITE os pensamentos, desejos e palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem os ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal. Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você colocar para fora no Universo, voltará multiplicada PARA VOCÊ !

Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados! Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o OTIMISMO !

A NATUREZA não é para nós, ela é uma parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa FAMÍLIA TERRENAL. As CRIANÇAS são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e regue com sabedoria e lições da vida. Quando forem crescidos, dê-lhes espaço para que continuem CRESCENDO!

Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros, retornará à você. Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do Universo.

Mantenha-se equilibrado. Seu corpo Espiritual, seu corpo Mental, seu corpo Emocional e seu corpo Físico, todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis. Trabalhe o seu corpo Físico para fortalecer o seu corpo Mental. Enriqueça o seu corpo Espiritual para curar o seu corpo Emocional.

Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá. Seja responsável por suas próprias ações. Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros. Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isto é proibido.

Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros. Respeite outras crenças religiosas. Não force as suas crenças sobre os outros.

Compartilhe sua boa fortuna com os outros. Participe com caridade.

CONSELHO INDÍGENA INTER-TRIBAL NORTE AMERICANO

Deste conselho participam as tribos : Cherokee Blackfoot, Cherokee, Lumbee Tribe, Comanche, Mohawk, Willow Cree, Plains Cree, Tuscarora, Sicangu Lakota Sioux, Crow (Montana), Northern Cheyenne (Montana)

E os HOMENS BRANCOS julgam-se mais civilizados e evoluídos que... os ÍNDIOS !!!

Texto recebido por e mail)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sobre a Honestidade




Hoje estive a pensar em algumas situações onde a honestidade de uma pessoa é posta à prova. Analisemos algumas :
1- O estudante que estudou por horas a fio para determinado exame e, na prova, não sabe a resposta de uma questão; seu colega ao lado usa uma "cola".Deverá pedí-la?
2- No pagamento de uma compra, percebe-se mais tarde que o troco veio a mais. Deve-se voltar lá e devolver o excedente?
3- Você é muito amigo de uma pessoa que está na fila a aguardar ser atendido. Passaria seu amigo na frente das outras pessoas?
4- Você é uma pessoa muito pobre e encontra uma maleta cheia de dinheiro. Procuraria descobrir o dono e devolvê-la?

Passei por todas as situações acima descritas. Nos meus cursos, envergonhava-me de meus colegas quando usavam "cola" nas provas e tiravam excelentes notas. Minhas excelentes ou más notas eram atestados fiéis do conteúdo aprendido...Várias vezes, tanto eu como meu marido voltamos para entregar o troco a mais para alguém que, por certo, teria de repô-lo ao seu patrão, de seu próprio bolso...Já sofrí a humilhação de ceder meu lugar na fila para alguém que acabou de chegar, por ser amigo do atendente...Já devolví objetos achados ou esquecidos e, lembrei-me de que a situação descrita não é hipotética: aconteceu a poucos anos atrás com um gari...

A impressão que tenho é que a cada dia se torna mais difícil ser honesta em um mundo onde impera o hábito de querer levar vantagem em tudo (a Lei de Gerson...), mais difícil não ser ridicularizada por sê-lo. Creio ter chegado o tempo ao qual Rui Barbosa (1849 - 1923) se referiu no seu célebre e imortal discurso:


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto" (In:Obras Completas de Rui Barbosa. "Discursos Parlamentares". Vol.41, t.3,1914. Requerimento de informação sobre o caso Satélite, Sessão de 17/dez/1914)

Por estarem em maior evidência, os políticos costumam ser alvo de maiores críticas. Em verdade, ainda há um longo caminho para uma completa transparência dos gastos públicos; porém, sinto que, mesmo em passos lentos, temos avançado na cobrança da honestidade. Mesmo que às vezes surja uma certa sensação de impunidade, uma coisa é certa: nunca se cobrou tanto, nunca se deu (legalmente) tanto poder de denúncia...E isso é bom.

Talvez o problema da honestidade resida em sua dupla valoração: o outro não pode ser desonesto comigo; mas eu, às vezes, posso ser com ele...Há desonestos maiores e menores (quase inofensíveis), defendemos! E assim se perpetua a desonestidade: hoje nos pequenos gestos, amanhã nos grandes golpes.

Somos desonestos quando nos sentirmos espertos por termos trapaceado em algum negócio do qual levamos vantagem. Criticamos a burocracia do serviço público, mas almejamos lá um cargo para perpetuar essa lentidão ("ganhar muito e não fazer nada"...). Paradoxalmente, trapaceamos, enganamos, mas não gostamos de sermos enganados...Há corruptos e corruptores. Somos corruptos quando agimos com desonestidade e corruptores quando a fomentamos em outrem...

Honestidade é uma virtude que deve ser cultivada em nossos filhos desde tenra idade; devemos advertí-los porém, das agruras de tal virtude: muitas pessoas tê-los-ão na conta de ingênuos, bobos, poderão ser alvo de chacotas...Incentivemos, porém, para que prossigam através do nosso exemplo diário. Apenas assim, creio eu, poderão ocorrer substanciais mudanças no futuro: na política, na sociedade em geral e, talvez o vaticínio do ilustre Rui Barbosa se transforme apenas em uma referência histórica...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Como nasce um paradigma


Faço minha reflexão de hoje baseada neste interessante texto que me foi enviado por e mail:

COMO NASCE UM PARADIGMA

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos em uma jaula em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.

Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então, os cientistas substituiram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi procurar subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais procurava subir a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..." (autor desconhecido)

É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito" (Albert Einstein)

Nossa vida é aprendizado contínuo. Desde tenra idade extraimos do exterior a nós elementos que irão compor nossa visão de mundo. As primeiras lições - parentais - adquirímo-las no seio da família e, aos poucos, somamos àquelas as da escola, dos amigos, dos colegas de trabalho, enfim, incorporamos pedaços de realidade que passam pelo crivo subjetivo de nossas avaliações e nos ajudam a compor nossos paradigmas.

O que é um paradigma? Segundo a Wikipedia, "Paradigma (do grego Parádeigma), literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas".

O termo Paradigma é mais conhecido em Física. Na escola aprendemos que o paradigma newtoniano foi quebrado por Einstein. E surge a Física Quântica! Com horizontes bem maiores, mais largos, mais respostas e outras dúvidas!...

É isso mesmo! A Ciência caminha através das dúvidas, dos questionamentos, do teste das leis, da introdução de novas variáveis. Uma teoria se valida pelas refutações a que se submete e, quando há uma hipótese que a contrarie, vai-se por água abaixo um edifício sólido... É o momento de se repensar, de estudar sob outro ângulo, de construir um novo corpo teórico!

Da Física transponho meu pensamento: porque não aplicarmos em nossa vida diária o questionamento sadio de nossos paradigmas? Porque nos apegamos todos ao estreitamento das posições rígidas? Porque repetimos mecanicamente tantos comportamentos sem que nem ao menos procuremos entender suas validade, origem, seus objetivos?

Um paradigma é necessário na solidez de nossos alicerces. Todavia, é preciso - tal qual um técnico - saber detectar quando há rachaduras, problemas na estrutura destes e, se o caso, acelerarmos a demolição de certas construções aparentemente sólidas, agirmos no sentido de uma desconstrução de alguns de nossos modelos.

Apegâmo-nos ao conforto do "isso já foi dito", chamâmo-lo de experiência. Nosso dolente comodismo nos impele ao não questionamento do porquê de tantas de nossas atitudes habituais... Às vezes nos ancoramos fechados a defender o que chamamos de tradição: "isto é assim desde tempos imemoriais... meus avós já faziam assim...todo mundo faz assim... porque devo questionar?" Ou: "quem sou eu para questioná-los?" Digo agora: Podem estar errados! Porque não? O mundo medieval tinha certeza que o Sol girava em torno da Terra, pois este pensamento era conforme ao paradigma dominante ditado pela religião...

Vou mais além: a cada vez que defendemos ferrenhamente nossas posições sem que as tenhamos submetido ao confronto com o novo, com o racional que detecta irracionalidades e incongruências, sem que ouçamos imparciais as verdades do outro que nos parecem falsas, contribuimos para o perpetuar da intolerância, do preconceito, dos erros e injustiças, de mentiras muitas vezes. A cada vez que repetimos padrões de conduta sem que saibamos seus porquês, sem que entendamos as suas origens engrossamos as fileiras de um pensamento conservador, acéfalo e continuista...

É preciso revolver de tempos em tempos as águas de nossas certezas pois que se tornam paradas, limosas, traiçoeiras... Tais águas se tornam insalobras caso não as oxigenemos com novas ideias, caso criemos barragens psicológicas que impeçam seu fluxo livre... Afinal, neste grande rio que é o saber, nossas convicções correm lentas ao destino do Grande Oceano! É urgente que saibamos apreciar cada obstáculo que nos impele a ser água turbulenta!

Há momentos na trajetória de um rio em que suas águas são revoltas, a navegação é difícil - se não impossível; contudo, são nestas passagens por obstáculos que ele, com enfurecido ímpeto, escoa mais depressa para objetivos outros. E move pedras, e arranca arbustos e hiperoxigena suas águas. Já não será o mesmo depois da corredeira, planícies há a fertilizar...

Aprendamos com os paradigmas da Ciência - que sempre estão a ser testados, com as lições dos rios; aprendamos a refutar nossos próprios argumentos, a nos tornar mais refratários às verdades dos outros, a questionar mais nossas certezas... Não posso assegurar que chegaremos perto de uma verdade absoluta, pois que esta não existe; todavia, distanciarêmo-nos, com certeza, da intransigência e, contribuiremos para a formação de paradigmas ampliados de compreensão do que nos cerca e, acima de tudo, de nós mesmos... Pensemos nisso.

Imagem retirada de : http://www.google.com/imgres?imgurl=http://www.sdr.com.br/professores/franciane_ulaf/dica146_paradigma.jpg&imgrefurl=http://www.sdr.com.br/professores/franciane_ulaf/paradigmas.htm&h=187&w=350&sz=17&tbnid=9CicwzB0UkgL1M:&tbnh=64&tbnw=120&prev=/images%3Fq%3Dimagem%2Bde%2Bparadigma&usg=__RizfSJQoje32avuGANISGHDrQfM=&ei=lbrxSsq1B5XS8Ab7saCICQ&sa=X&oi=image_result&resnum=2&ct=image&ved=0CAkQ9QEwAQ

domingo, 1 de novembro de 2009

Selo VejaBlog para o meu Refúgio II



VejaBlog - Seleção dos Melhores Blogs/Sites do Brasil


[Refúgio II] Novo comentário em Happy Halloween! Feliz Dia do Saci!.‏


De: VejaBlog - Seleção dos Melhores Blogs/Sites do Brasil! - (noreply-comment@blogger.com)

Enviada: domingo, 1 de novembro de 2009 9:55:44

Para: leninhabarros58@hotmail.com

VejaBlog - Seleção dos Melhores Blogs/Sites do Brasil! - deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Happy Halloween! Feliz Dia do Saci!":

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Dário Dutra
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Postado por VejaBlog - Seleção dos Melhores Blogs/Sites do Brasil! - no blog Refúgio II em 01 Novembro, 2009

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Muito obrigada, Dário Dutra! Muito obrigada a todos! Alpha Leninha

sábado, 31 de outubro de 2009

Happy Halloween! Feliz Dia do Saci!



Meu país não possui a tradição de comemorar a festa de Halloween e, nem poderia tê-la por sua idade...O que nos chegou veio na bagagem dos viajantes europeus, dos filmes e das festas realizadas nos cursos de Inglês, como ilustração da cultura norte-americana.


Em 2005, numa tentativa de valorização e resgate do folclore nacional, o dia 31 de outubro foi instituído como o Dia do Saci (autoria de Aldo Rebelo e Ângela Guadagnin). Este traquinas personagem folclórico, surgido das culturas indígena e africana, é representado no imaginário popular como um jovem negro de apenas uma perna (posto que perdeu a outra em uma luta de capoeira) usando um gorro vermelho e com um charuto à boca.Atribui-se a ele também grande conhecimento no uso de plantas medicinais.

Coloco abaixo o texto traduzido do site The History Channel (por Luciana Misura) que explica as origens do atual Halloween com enfoque nos Estados Unidos:

A origem da festa de Halloween data da época dos antigos festivais celtas de solstício de verão. Este povo que viveu há 2000 anos na área que hoje é a Irlanda, o Reino Unido e o norte da França, celebrava o seu ano novo em 1 de novembro. Este dia marcava o fim do verão e da colheita, e o início do inverno escuro e rigoroso, uma época do ano que foi sempre associada com a morte. Os celtas acreditavam que na noite anterior ao ano novo, a fronteira entre os mundos dos vivos e dos mortos se tornava tênue. Na noite de 31 de outubro, eles celebravam um ritual chamado Samhain (palavra de origem gálica que significa novembro), onde eles acreditavam que os fantasmas dos mortos retornavam para a terra. Além de causar confusão e prejuízos para a colheita, os celtas pensavam que a presença dos espíritos tornava mais fácil para os sacerdotes druidas fazerem suas previsões sobre o futuro. Como eram um povo dependente do mundo espiritual, estas profecias eram fonte importante de conforto e direcionamento durante o longo inverno.

Para comemorar o evento, os sacerdotes druidas faziam enormes fogueiras, onde as pessoas se reuniam para queimar oferendas (parte da colheita) e sacrificar animais para suas divindades. Durante a comemoração, os celtas vestiam roupas especiais, que eram tipicamente cabeças de animais e peles, e tentavam ler a sorte uns dos outros. Depois que a comemoração terminava, eles acendiam suas lareiras, que tinham sido apagadas antes da noite começar, com o fogo das fogueiras, para trazer proteção durante o inverno que se iniciava.

Em 43 d.C., os romanos tinham conquistado a maior parte do território celta. Durante os 400 anos que eles dominaram as terras celtas, duas festividades de origens romanas foram combinadas com a tradicional comemoração celta do Samhain. A primeira se chamava Feralia, um dia no final de outubro quando os romanos tradicionalmente comemoravam a passagem dos espíritos do mundo dos vivos para os mortos. A segunda era um dia para homenagear Ponoma, a deusa romana das frutas e árvores. O símbolo de Ponoma é a maçã, e com a incorporação desta festividade pela celebração celta, deu-se início à tradição de pescar as maçãs, onde as frutas são colocadas em uma bacia com água e as pessoas são convidadas a pegar uma maçã usando somente a boca. Esta tradição é mantida até hoje nas festas de Halloween.

Por volta do ano 800, a influência do cristianismo tinha se espalhado pelas terras celtas. No século 17, o papa Bonifácio IV decretou o dia 1 de novembro como o dia de Todos os Santos, um momento para homenagear santos e mártires. Hoje em dia acredita-se que o papa estava tentando substituir a celebração celta por uma comemoração da mesma natureza, só que aprovada pela igreja. A celebração também era chamada All-hallows ou All-hallowmas (do inglês antigo Alholomesse, que significa All-saints, Todos os Santos) e a noite anterior, a noite do Samhain, começou a ser chamada de noite de Todos os Santos (all-hallows-eve) e, mais tarde, Halloween. Por volta do ano 1000, a Igreja decretou o dia 2 de novembro como o dia dos espíritos, em honra aos mortos. Era celebrado de forma similar ao Samhain celta, com grandes fogueiras, desfiles e as fantasias de santos, anjos e demônios. Juntas, estas três celebrações, a noite de todos os santos, o dia de todos os santos e o dia dos mortos, eram chamadas de Hallowmas.

A tradição americana do “trick-or-treating” (quando as crianças saem para pedir doces ou aprontam gracinhas com quem não entra na brincadeira), provavelmente data dos primeiros desfiles do dia dos mortos na Inglaterra. Durante as festividades, os pobres pediam comida e as famílias davam bolos chamados “soul cakes” (bolos da alma), como uma gratificação por suas promessas de rezarem pelas almas dos familiares mortos. A distribuição desses bolos era encorajada pela Igreja como uma forma de substituir a antiga prática de deixar comida e vinho para os espíritos errantes. A prática, que era chamada de “going a-souling” foi sendo dominada pelas crianças, que visitavam as casas da vizinhança e recebiam bebidas, comida e dinheiro.

A tradição das fantasias tem raízes européias e celtas. Séculos atrás, o inverno era uma época incerta e assustadora. As reservas de comida muitas vezes eram escassas e, para muitas pessoas com medo da escuridão, os curtos dias de inverno eram cheios de ansiedade. No Halloween, quando acreditava-se que os fantasmas voltavam para o mundo terreno, as pessoas pensavam que poderiam encontrar fantasmas se saíssem de casa. Para evitar serem reconhecidas pelos fantasmas, as pessoas usavam máscaras quando saíam de casa após o pôr-do-sol, para que os fantasmas as confundissem com seus amigos espíritos. No Halloween, para manter os fantasmas afastados de suas casas, as pessoas colocavam pratos de comida do lado de fora para acalmar os espíritos e evitar que eles resolvessem entrar.

Com a vinda dos imigrantes europeus para os EUA, vieram também seus variados costumes de Halloween. Por causa do rígido controle da religião protestante que caracterizou os primeiros anos da Nova Inglaterra, a comemoração do Halloween nos tempos coloniais era extremamente limitada. Era muito mais comum em Maryland e nas colônias do sul. Com as diferenças de crenças e costumes de diferentes grupos étnicos europeus, misturados ainda com os costumes dos índios americanos, uma nova e específica forma de comemorar o Halloween se iniciava. As primeiras comemorações incluíam eventos para celebrar a colheita, onde os vizinhos partilhavam histórias dos mortos, fazendo previsões uns para os outros, dançando e cantando. Nas festas de Halloween coloniais também se contavam histórias de fantasmas e as pessoas faziam brincadeiras de todos os tipos (pregando peças umas nas outras). A partir da metade do século 19, festividades anuais de outono eram comuns, mas o Halloween ainda não era celebrado em todas as partes do país.

Na segunda metade do século 19, os EUA foram inundados por uma nova onda de imigração. Estes novos imigrantes, especialmente os milhões de irlandeses escapando da fome na Irlanda em 1846, ajudaram a popularizar a comemoração de Halloween nacionalmente. Baseados na tradição irlandesa e inglesa, os americanos começaram a usar fantasias e ir de casa em casa pedindo comida ou dinheiro, prática que se tornou o “trick-or-treat” infantil de hoje. As mulheres jovens acreditavam que, no Halloween, elas poderiam adivinhar o nome ou aparência dos seus futuros maridos fazendo algumas simpatias.

No final dos anos 1800, houve um movimento nos EUA para tornar o Halloween um feriado que fosse mais voltado para a união da comunidade, da vizinhança, ao invés de fantasmas e bruxarias. Na virada do século, as festas para crianças e adultos se tornaram a forma mais corriqueira de celebrar a data. Festas com muitas brincadeiras, comidas da estação e roupas alegres. Os pais eram encorajados pelos jornais e pelos líderes comunitários a remover tudo de assustador ou grotesco das festas de Halloween. Por causa desses esforços, o Halloween perdeu grande parte do seu tom superticioso e religioso no início do século 20.

Nos anos 20 e 30, a festa se tornou um centenário feriado focado na comunidade, com desfiles e festas nas cidades como principal diversão. Contrariando os esforços de muitas escolas e comunidades, atos de vandalismo começaram a se tornar uma praga nas celebrações de Halloween em muitos locais. Nos anos 50, líderes comunitários conseguiram minimizar o problema e a festa evoluiu para uma celebração voltada para as crianças. Devido ao grande número de crianças durante o baby boom dos anos 50, as festas passaram dos prédios públicos para as salas de aula ou residências, onde podiam ser mais facilmente acomodadas. Entre 1920 e 1950, as tradições centenárias de trick-or-treating foram trazidas de volta. Trick-or-treating era uma atividade barata para a vizinhança celebrar o Halloween. Teoricamente, as famílias podiam prevenir qualquer brincadeira de mau gosto (tricks) distribuindo doces (treats) para as crianças. Uma nova tradição americana nascia, e ainda continua a crescer. Hoje, os americanos gastam aproximadamente US$ 6 bilhões por ano com o Halloween, fazendo com que seja o segundo maior feriado em vendas para o comércio.

Não é a toa que as lojas estão forradas de abóboras, esqueletos, fantasias e doces, de todos os tamanhos e para todos os bolsos. Os supermercados vendem abóboras enormes, para os tradicionais entalhes e doces, como a torta de abóbora (pumpkin pie) que é tradicional e aparece também no dia de Ação de Graças (Thanksgiving e no Natal).



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Doação de sangue - Um convite


Da teoria à prática há por vezes uma enorme distância... Todos nós já tivemos contato, de uma forma ou de outra, com campanhas de solidariedade, de conscientização. Há aqueles que reconhecem o mérito da proposta, mas se limitam à uma concordância teórica, dolente assentimento de braços cruzados, aquiescência sentada em sofás... Mas há alguns que saem a campo, ativistas conscientes da importância de um gesto, de um ideal, de uma necessidade que se impõe: são estes que dão o exemplo, que realmente alavancam mudanças, que possibilitam soluções!

Esta postagem de hoje tem o intuito de colaborar na divulgação da campanha "Doe mais que um clique, doe sangue". Seus idealizadores: Marcelo Vitorino (http://www.inblogs.com.br/ ) e Edney Souza (http://www.interney.net/blogs/) . É com grande orgulho que convido meus amigos para participarem desta nobre iniciativa, seja sob a forma de divulgação em seus respectivos blogues, seja pelo efetivo ato da doação de sangue.


SAIBA SE VOCÊ PODE DOAR SANGUE. DESCUBRA O QUE VOCÊ PRECISA PARA TORNAR-SE UM DOADOR! (Fonte: Banco de sangue paulista)

Não deixe de fazer parte da campanha, mesmo que não possa doar atue como Embaixador, promovendo novas adesões.

Você deve ter mais de 18 e menos de 60 anos;
Seu peso deve ser superior a 50 kg;
Se homem, deve ter doado há mais de 60 dias;
Se mulher deve ter doado há mais de 90 dias; não estar grávida; não estar amamentando; já terem se passado pelo menos 3 meses de parto ou aborto;
Se você não teve Hepatite após os 10 anos de idade;
Se você não teve contato com o inseto barbeiro, transmissor da Doença de Chagas;
Se você não teve malária ou esteve em região de malária nos últimos 6 meses;
Se você não sofre de Epilepsia;
Se você não tem ou teve Sífilis;
Se você não é diabético;
Se você não tem tatuagens recentes (menos de 1 ano);
Se você não recebeu transfusão de sangue ou hemoderivados nos últimos 10 anos;
Se você não ingerir bebidas alcoólicas nas 24hs que antecedem a doação;
Se você estiver alimentado e com intervalo mínimo de 2 horas do almoço;
Se você dormiu pelo menos 6 horas nas 24hs que antecedem a doação;
Se você não se expõe ao risco de contrair o vírus da AIDS, tendo comportamentos como:
* não usar preservativos em relações sexuais
* Ter tido mais de dois parceiros sexuais nos últimos 3 meses
* usar drogas injetáveis

Antes da doação você vai passar por uma entrevista de triagem clínica, na qual podem ser detectadas algumas condições adicionais que possam impedir sua doação. Após cada doação serão realizados os seguintes exames em seu sangue:

Tipagem sangüínea ABO e Rh;
Pesquisa de anticorpos eritrocitários irregulares;
Teste de Coombs Direto;
Fenotipagem do Sistema Rh Hr( D,C,E.c,e) , Fenotipagem de outros sistemas;
Testes sorológicos para: Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Sífilis, HIV (AIDS), HTLV I/II;
Todas as vezes que você doar sangue serão feitos todos esses testes, e você receberá o resultado em cada doação.

Esta é uma campanha de http://www.doemaisqueumclique.com.br/ . Neste link poderá encontrar diversos tamanhos e formatos de banner, caso queira colocar em seu blog e participar da divulgação.

Imagem de http://www.plenamulher.com.br/dicas.asp?ID_DICAS=249

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sermão do padre durante o casamento




"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:

"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?

- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?

- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?

- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?

- Promete se deixar conhecer?

- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?

- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?

- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?

- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros." Mário Quintana

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O último discurso


Em 1939, a Alemanha de Hitler sonhava a utopia da superioridade ariana e da expansão tentacular a qualquer preço - um deles, a extinção do povo judeu. Em 15 de outubro de 1940, Sir Charles Spencer Chaplin Jr (Londres, 16 de abril de 1889/25 de dezembro de 1977, autor, diretor, roteirista e músico) lançou o filme O Grande Ditador, uma imortal, célebre obra de crítica aos ideais fascistas e nazistas, ao totalitarismo correntes à época em grande parte da Europa.


Este foi o primeiro filme sonoro de Chaplin, inaugurando um canal de expressão mais forte no roteiro de um discurso. Chaplin magistralmente interpretou dois personagens: um ditador e um barbeiro judeu, fisicamente idênticos. Há várias cenas inesquecíveis neste filme. Algumas silenciosas (como na sequência em que o ditador brinca com um globo terrestre) mas, nas cenas onde há som é poderosa a força da mensagem falada a atingir - ferina e crítica - o contexto político da época. O Último Discurso, cena que coroa todo este grande filme impressiona por sua atualidade: não há como ficar impassível frente àquelas palavras...Ao discurso totalitário de um sobrepõe-se o discurso do outro pregando a fraternidade universal...

Se àquela época vivia-se o terror da Segunda Guerra Mundial, ainda hoje o homem convive com a insanidade de guerras esparsas que parecem não ter fim e a angústia é a mesma. Precisamos rever, reler os grandes discursos - todos, sejam dos grandes ditadores, dos grandes pensadores, dos sábios, dos humildes, dos ignorantes, das crianças, da Natureza. Precisamos erguer os olhos como Hannah (referência à filósofa judia Hannah Arendt, 1906-1975 e, talvez à própria mãe de Chaplin) e acreditar que sairemos todos "da treva para a luz"...

Talvez o primeiro passo para isso seja a capacidade de extrair de cada discurso, de cada noticiário de jornal, de cada incidente doméstico a pergunta e a resposta que eles carregam intrinsecamente. Há sempre algo que podemos aprender, apreender, desde que nos propomos a arguir. Não podemos perder nossa capacidade de nos entristecer com o sofrimento alheio, não podemos assistir anestesiados aos noticiários e crê-los distantes.

Chaplin não se deixou embrutecer, nem se calou perante os fatos de sua época. Seu filme foi inicialmente mal recebido pela crítica e desencadeou a sua saída dos EUA.Temos muito a aprender com Chaplin e seus personagens (com o Charlot, ou em alguns países, Carlitos, com o ditador e com o barbeiro judeu). Seu canal de expressão foi o cinema...e o nosso, qual é?

Transcrevo abaixo, na íntegra, o texto de O último Discurso e, em video, a cena antológica.

O ÚLTIMO DISCURSO

"Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá”.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unâmo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unâmo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"

Ficha Técnica:
Origem: E.U.A. - 1940
Duração: 123m (pb)
Autoria: Charlie Chaplin
Produção: Charlie Chaplin
Realização: Charlie Chaplin
Fotografia: Karl Strüss e Roland Totheroh
Música: Meredith Wilson
Com: Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie, Billy Gilbert, Henry Daniell, Reginald Gardner, Grace Hayle, Maurice Moscovich, Emma Dunn.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As pessoas não têm de ler o que eu escrevo!


Estive pensando sobre o porquê dessa minha vontade de querer que os amigos façam comentários sobre o que escrevo nesse blog...Sinceramente, as pessoas não têm de ler o que escrevo...se eu assim gostaria que fôsse, não necessariamente vão fazer isso.


Creio que, quando começamos essa aventura de criar um blog, queremos externar sentimentos e pensamentos; queremos que o outro acompanhe nossos  passos, nos dê um feedback...É algo que beira a infantilidade...lembra o tempo em que se é criança: precisamos mostrar nossos progressos na descoberta que é cada dia; queremos aplausos, tapinha na cabeça ("você é uma boa menina"...). Mas, não tem de ser assim...hoje.

Dei-me conta - não sem uma pontinha de frustração - de que escrevo para mim...quem quiser, leia - sem mágoa; quem quiser, comente...O visitante que passa pelo meu espaço é anônimo e assim fica, se quiser...Quantas vezes fiz isso no site de outras pessoas? Foi por medo de me expor? Medo de que meu PC fosse alvo de vírus e cookies? Simples vontade de entrar e sair anônima? Ví que discordo do outro e não quero aprofundar uma discussão? Pois é: pode ser tudo isso e outras tantas coisas...

Estou me dando conta dos múltiplos sentidos que possui a Internet. Há a solidão (que é mascarada pela ilusão de interação fugaz), há todo um portal de conhecimentos que nos aguarda (bastando digitar o que queremos saber), há a válvula de escape (a liberdade de expor um pensamento), há a ferramenta de trabalho (personalizada, adaptada ao nosso perfil profissional).

Estou aprendendo a reconhecer a grande solidão que a rede também nos proporciona...Talvez a proposta não vá de encontro ao que anseio, porque simplesmente não posso exigir das pessoas que interajam comigo...pra me criticarem, concordarem, sei lá...isso não faz parte do mundo virtual; lá, a liberdade é maior...

Apercebí-me de que a solidão continua...apenas às vezes, se mascara e, pensamos ter encontrado no personagem - tão bem interpretado - um ser real...Saibamos assistir o espetáculo e aplaudir os atores por suas magníficas performances! Obs.: existe um manual explicando como retirá-la? (já sei, na Internet...). A dúvida surge porque às vezes ela se adapta tão bem que acreditamos ser o personagem!


A máscara que estou moldando é alegre e cheia de amigos...Quem sabe, um dia, ela não se encaixe tão perfeitamente que crie vida em mim...deixando de ser uma máscara. Por enquanto, penso escrever para mim mesma - quase que um desabafo...Se alguém quiser interagir, que bom!; se não, isso já não me angustia tanto...Um sincero e fraternal abraço a todos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Bíblia é um manual de maus costumes




Esta é uma frase de José Saramago, grande escritor português, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta. Incluem-se entre suas inúmeras premiações o Prêmio Camões (1995) - distinção máxima oferecida aos escritores de lingua potuguesa - e o Nobel de Literatura (1998), o primeiro concedido a um escritor de lingua portuguesa.

José Saramago classifica a Bíblia como "um manual de maus costumes" e "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana". "Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!", disse o escritor, numa entrevista concedida à Lusa, a propósito do lançamento mundial do seu novo livro, intitulado Caim, este domingo, em Penafiel. (Veja o video)
"
A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!", afirma o Nobel da Literatura de 1998, para quem não existe nada de divino na Bíblia, nem no Corão.

Para o Nobel da Literatura, o seu novo livro não vai escandalizar os católicos, mas admitiu que poderá gerar reações entre os judeus."Na Igreja Católica não vai causar problemas porque os católicos não lêem a Bíblia, só a hierarquia, e eles não estão para se incomodar com isso. Admito que o livro possa incomodar os judeus, mas isso pouco me importa", disse.

Com Caim, Saramago regressa ao tema religioso, contando, em tom irónico e jocoso, a história de Caim, filho primogênito de Adão e Eva, quase duas décadas após o escândalo provocado pela sua obra "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1991).

A carreira de Saramago tem sido acompanhada de diversas polémicas. As suas opiniões pessoais sobre religião ou sobre a luta internacional contra o terrorismo são discutidas e algumas resultam mesmo em acusações de diversos quadrantes. Logo após a atribuição do Prêmio Nobel, o Vaticano repudiava a atribuição da honraria a um "comunista inveterado". Uma frase de Saramago:  "Marx nunca teve tanta razão como hoje".

Saramago é conhecido por utilizar frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros: este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento.

 Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Apesar disso o seu estilo não torna a leitura mais difícil, se os seus leitores se habituarem facilmente ao seu ritmo próprio. Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea: é considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa.

O novo livro, Caim (Editorial Caminho), a sair para as livrarias na próxima segunda-feira, 19 (com edição simultânea em português, catalão e castelhano), é mais um arbusto a queimar na fogueira das convicções. Nestas 181 páginas, o escritor regressa, vigorosamente, à religião, revisitando o Antigo Testamento, quase 20 anos depois da polêmica criada, em 1991, pelo romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em que humanizava a figura de Jesus, tornando-o num jovem rebelde, e insinuava a sua relação com Maria Madalena (o norte--americano Dan Brown construiria um best-seller mundial sobre essa premissa)...

Saramago escolheu, pouco depois, residir definitivamente na ilha espanhola, alegando censura por parte do Governo português, quando o então subsecretário de Estado da cultura, Sousa Lara, impediu a candidatura desse livro ao Prêmio Europeu de Literatura. "Blasfêmia, blasfêmia!", disseram então alguns. Que dirão agora perante este Caim, dito primeiro homem concebido naturalmente e primeiro homicida na história humana, que matou o irmão por ciúmes, aqui a esgrimir com Deus? Um deus que o redime e com quem trava este diálogo: "Diremos que é um acordo de responsabilidade partilhada pela morte de abel, Reconheces então a tua parte de culpa, Reconheço, mas não o digas a ninguém, será um segredo entre deus e caim."

 O escritor já desfez, sobre esta produção literária, qualquer ilusão de se poder ler ali uma epifania ou um mea culpa, associado ao fato de ter roçado a proximidade com a morte, há cerca de um ano, quando esteve muito doente. O saldo existencial que fez não passou por confissões, contrições ou contradições. Em entrevista à agência Efe, aliás, Saramago declarou, recentemente, que "se Deus para mim não existe, eu não posso fazer um ajuste de contas com ele. O absurdo é que o ser humano primeiro inventou Deus e depois se escravizou a ele, isso é o que eu questiono nesta obra".

Terapia de choque

"Deus não é de confiança. Que diabo de Deus é este que para enaltecer Abel tanto despreza Caim?", lança o Nobel português, no trailer de Caim. E não só não é de confiança, como mente, incita à violência, arrecada riqueza, discrimina uns povos em detrimento de outros, entre outras patifarias, assegura o primogênito de Adão e Eva neste livro. Distante da leveza e do divertimento agridoce do livro anterior, A Viagem do Elefante, ou das considerações ensaiadas na blogosfera e compiladas em O Caderno, o novo volume (escrito em quatro meses) é um exercício irônico, provocatório, irreverente onde, apesar do humor flagrante de algumas passagens, Saramago aponta injustiças, crueldades, limitações ao livre arbítrio ou incongruências na narrativa do Gênesis.

Caim, que, na versão bíblica, está condenado a uma errância sem fim pelo mundo, estranhamente protegido pela mancha que Deus aqui lhe imprime na testa (que a ilustração de capa evoca, perturbadoramente, como um ferimento de bala, como um alvo a abater) transforma-se, aqui, num viajante espácio-temporal, digno de um relato de ficção científica.

De pulo em pulo, visita o futuro, percorrendo os principais capítulos do Gênesis: o sacrifício do filho de Abraão pedido por Deus, a suspensão da construção da torre de Babel por o senhor não querer uma língua universal, a descida de Moisés do Monte Sinai e o confronto com o bezerro de ouro que era o falso deus, a conquista de Jericó pelos israelitas na sua demanda da Terra Prometida, o Dilúvio e a Arca de Noé...

Faz-se testemunha mas também interveniente e júri a avaliar o Senhor: "(...) o leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que significa que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim." Caim salta para a liça e salva o rapaz, e aproveita para dar um sermão ao anjo salvador que pede desculpas de chegar atrasado, pois surgiu-lhe "um problema mecânico na asa direita"... Mais à frente, Caim, por "curiosidade de turista", acompanha Deus e Abraão às cidades de Sodoma e Gomorra, regateando o número de inocentes que poderiam fazer o Criador poupar a cidade: começam nos cinquenta inocentes, quarenta e cinco, quarenta... Depois da queima de Sodoma, Saramago coloca Caim a lembrar ao pai das três religiões ( judaísmo, cristianismo, islamismo) a promessa divina não cumprida de poupar as cidades se houvesse dez inocentes: "Se os houvesse, o senhor teria cumprido a promessa que me fez de lhes poupar a vida. As crianças, disse caim, aquelas crianças estavam inocentes.

Meu deus, murmurou abraão e a sua voz foi como um gemido, Sim, será o teu deus, mas não foi o delas." Noutro pulo temporal, o protagonista sentencia que "aqui, no sopé do monte sinai ficara patente a prova irrefutável da profunda maldade do senhor, três mil homens mortos só porque ele tinha ficado irritado com a invenção de um suposto rival em figura de bezerro. Eu não fiz mais do que matar um irmão e o senhor castigou-me, quero ver agora quem vai castigar o senhor por estas mortes, pensou caim."

 Pilar del Río, esposa do escritor e presidente da Fundação José Saramago, escreveu no blog: "Caim não é um tratado de teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas: é uma ficção em que Saramago põe à prova a sua capacidade narrativa ao contar, no seu peculiar estilo, uma história de que todos conhecemos a música e alguns fragmentos da letra." Admitindo a perturbação possível em alguns leitores, ela defende que "a grande literatura está aí para cravar-se em nós como um punhal na barriga, não para nos adormecer como se estivéssemos num opiário e o mundo fosse pura fantasia." Um romance que é, diz, "literatura em estado puro".
E que venha o dilúvio

Caim é um exercício de liberdade de José Saramago: espelha a liberdade defendida pelo seu personagem que, por sua vez, espelha a liberdade defendida amiúde pelo escritor. E não se fica apenas pela subversão do tempo na narrativa e da intervenção do fraticida nos dogmas bíblicos. O autor dispara farpas sutis a temas contemporâneos como a crise e o desemprego, o acordo ortográfico, a acumulação de riqueza em nome do Senhor, os direitos dos homossexuais, ou a "propaganda" israelita. No início da sua deriva, Caim chega a uma cidade com um edifício em construção "nada que se pareça a mafra, versalhes ou a buckingham ". Os operários "logo perceberam que quem ali estava era mais uma vítima da crise, um triste desempregado à busca de uma tábua de salvação".

 Espectador da conquista de Jericó, faz estas considerações: "Como sempre tem sucedido, à mínima derrota os judeus perdem a vontade de lutar, e, embora na atualidade já não se usem manifestações de desânimo como as que eram praticadas no tempo de josué, quando rasgavam as roupas que tinham vestidas e se lançavam ao chão, com o rosto na terra e as cabeças cobertas de pó, a choradeira verbal é inevitável. Que o senhor educou mal esta gente desde o princípio, vê-se pelas implorações, pelas queixas, pelas perguntas de josué (...) este mesmo josué que costuma deixar atrás de si um rasto de muitos milhares de inimigos mortos em cada batalha perde a cabeça quando lhe morre a insignificância de trinta e seis soldados." Para bom entendedor, o livro dispara em muitas direções, muitos outros Caim que também terão uma mancha negra na sua testa.

Deus tudo sabe e tudo pode? Como um escritor face à sua obra. E Saramago escreve já outro romance, indiferente ao dilúvio que Caim pode provocar.





Informações retiradas de : http://aeiou.visao.pt/a-biblia-e-manual-de-maus-costumes-video=f533635 , http://www.ionline.pt/itv/19999-a-biblia-manual-maus-costumes-jose-saramago , http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago e http://aeiou.visao.pt/deus-nao-e-de-confianca=f533703