sábado, 31 de outubro de 2009

Happy Halloween! Feliz Dia do Saci!



Meu país não possui a tradição de comemorar a festa de Halloween e, nem poderia tê-la por sua idade...O que nos chegou veio na bagagem dos viajantes europeus, dos filmes e das festas realizadas nos cursos de Inglês, como ilustração da cultura norte-americana.


Em 2005, numa tentativa de valorização e resgate do folclore nacional, o dia 31 de outubro foi instituído como o Dia do Saci (autoria de Aldo Rebelo e Ângela Guadagnin). Este traquinas personagem folclórico, surgido das culturas indígena e africana, é representado no imaginário popular como um jovem negro de apenas uma perna (posto que perdeu a outra em uma luta de capoeira) usando um gorro vermelho e com um charuto à boca.Atribui-se a ele também grande conhecimento no uso de plantas medicinais.

Coloco abaixo o texto traduzido do site The History Channel (por Luciana Misura) que explica as origens do atual Halloween com enfoque nos Estados Unidos:

A origem da festa de Halloween data da época dos antigos festivais celtas de solstício de verão. Este povo que viveu há 2000 anos na área que hoje é a Irlanda, o Reino Unido e o norte da França, celebrava o seu ano novo em 1 de novembro. Este dia marcava o fim do verão e da colheita, e o início do inverno escuro e rigoroso, uma época do ano que foi sempre associada com a morte. Os celtas acreditavam que na noite anterior ao ano novo, a fronteira entre os mundos dos vivos e dos mortos se tornava tênue. Na noite de 31 de outubro, eles celebravam um ritual chamado Samhain (palavra de origem gálica que significa novembro), onde eles acreditavam que os fantasmas dos mortos retornavam para a terra. Além de causar confusão e prejuízos para a colheita, os celtas pensavam que a presença dos espíritos tornava mais fácil para os sacerdotes druidas fazerem suas previsões sobre o futuro. Como eram um povo dependente do mundo espiritual, estas profecias eram fonte importante de conforto e direcionamento durante o longo inverno.

Para comemorar o evento, os sacerdotes druidas faziam enormes fogueiras, onde as pessoas se reuniam para queimar oferendas (parte da colheita) e sacrificar animais para suas divindades. Durante a comemoração, os celtas vestiam roupas especiais, que eram tipicamente cabeças de animais e peles, e tentavam ler a sorte uns dos outros. Depois que a comemoração terminava, eles acendiam suas lareiras, que tinham sido apagadas antes da noite começar, com o fogo das fogueiras, para trazer proteção durante o inverno que se iniciava.

Em 43 d.C., os romanos tinham conquistado a maior parte do território celta. Durante os 400 anos que eles dominaram as terras celtas, duas festividades de origens romanas foram combinadas com a tradicional comemoração celta do Samhain. A primeira se chamava Feralia, um dia no final de outubro quando os romanos tradicionalmente comemoravam a passagem dos espíritos do mundo dos vivos para os mortos. A segunda era um dia para homenagear Ponoma, a deusa romana das frutas e árvores. O símbolo de Ponoma é a maçã, e com a incorporação desta festividade pela celebração celta, deu-se início à tradição de pescar as maçãs, onde as frutas são colocadas em uma bacia com água e as pessoas são convidadas a pegar uma maçã usando somente a boca. Esta tradição é mantida até hoje nas festas de Halloween.

Por volta do ano 800, a influência do cristianismo tinha se espalhado pelas terras celtas. No século 17, o papa Bonifácio IV decretou o dia 1 de novembro como o dia de Todos os Santos, um momento para homenagear santos e mártires. Hoje em dia acredita-se que o papa estava tentando substituir a celebração celta por uma comemoração da mesma natureza, só que aprovada pela igreja. A celebração também era chamada All-hallows ou All-hallowmas (do inglês antigo Alholomesse, que significa All-saints, Todos os Santos) e a noite anterior, a noite do Samhain, começou a ser chamada de noite de Todos os Santos (all-hallows-eve) e, mais tarde, Halloween. Por volta do ano 1000, a Igreja decretou o dia 2 de novembro como o dia dos espíritos, em honra aos mortos. Era celebrado de forma similar ao Samhain celta, com grandes fogueiras, desfiles e as fantasias de santos, anjos e demônios. Juntas, estas três celebrações, a noite de todos os santos, o dia de todos os santos e o dia dos mortos, eram chamadas de Hallowmas.

A tradição americana do “trick-or-treating” (quando as crianças saem para pedir doces ou aprontam gracinhas com quem não entra na brincadeira), provavelmente data dos primeiros desfiles do dia dos mortos na Inglaterra. Durante as festividades, os pobres pediam comida e as famílias davam bolos chamados “soul cakes” (bolos da alma), como uma gratificação por suas promessas de rezarem pelas almas dos familiares mortos. A distribuição desses bolos era encorajada pela Igreja como uma forma de substituir a antiga prática de deixar comida e vinho para os espíritos errantes. A prática, que era chamada de “going a-souling” foi sendo dominada pelas crianças, que visitavam as casas da vizinhança e recebiam bebidas, comida e dinheiro.

A tradição das fantasias tem raízes européias e celtas. Séculos atrás, o inverno era uma época incerta e assustadora. As reservas de comida muitas vezes eram escassas e, para muitas pessoas com medo da escuridão, os curtos dias de inverno eram cheios de ansiedade. No Halloween, quando acreditava-se que os fantasmas voltavam para o mundo terreno, as pessoas pensavam que poderiam encontrar fantasmas se saíssem de casa. Para evitar serem reconhecidas pelos fantasmas, as pessoas usavam máscaras quando saíam de casa após o pôr-do-sol, para que os fantasmas as confundissem com seus amigos espíritos. No Halloween, para manter os fantasmas afastados de suas casas, as pessoas colocavam pratos de comida do lado de fora para acalmar os espíritos e evitar que eles resolvessem entrar.

Com a vinda dos imigrantes europeus para os EUA, vieram também seus variados costumes de Halloween. Por causa do rígido controle da religião protestante que caracterizou os primeiros anos da Nova Inglaterra, a comemoração do Halloween nos tempos coloniais era extremamente limitada. Era muito mais comum em Maryland e nas colônias do sul. Com as diferenças de crenças e costumes de diferentes grupos étnicos europeus, misturados ainda com os costumes dos índios americanos, uma nova e específica forma de comemorar o Halloween se iniciava. As primeiras comemorações incluíam eventos para celebrar a colheita, onde os vizinhos partilhavam histórias dos mortos, fazendo previsões uns para os outros, dançando e cantando. Nas festas de Halloween coloniais também se contavam histórias de fantasmas e as pessoas faziam brincadeiras de todos os tipos (pregando peças umas nas outras). A partir da metade do século 19, festividades anuais de outono eram comuns, mas o Halloween ainda não era celebrado em todas as partes do país.

Na segunda metade do século 19, os EUA foram inundados por uma nova onda de imigração. Estes novos imigrantes, especialmente os milhões de irlandeses escapando da fome na Irlanda em 1846, ajudaram a popularizar a comemoração de Halloween nacionalmente. Baseados na tradição irlandesa e inglesa, os americanos começaram a usar fantasias e ir de casa em casa pedindo comida ou dinheiro, prática que se tornou o “trick-or-treat” infantil de hoje. As mulheres jovens acreditavam que, no Halloween, elas poderiam adivinhar o nome ou aparência dos seus futuros maridos fazendo algumas simpatias.

No final dos anos 1800, houve um movimento nos EUA para tornar o Halloween um feriado que fosse mais voltado para a união da comunidade, da vizinhança, ao invés de fantasmas e bruxarias. Na virada do século, as festas para crianças e adultos se tornaram a forma mais corriqueira de celebrar a data. Festas com muitas brincadeiras, comidas da estação e roupas alegres. Os pais eram encorajados pelos jornais e pelos líderes comunitários a remover tudo de assustador ou grotesco das festas de Halloween. Por causa desses esforços, o Halloween perdeu grande parte do seu tom superticioso e religioso no início do século 20.

Nos anos 20 e 30, a festa se tornou um centenário feriado focado na comunidade, com desfiles e festas nas cidades como principal diversão. Contrariando os esforços de muitas escolas e comunidades, atos de vandalismo começaram a se tornar uma praga nas celebrações de Halloween em muitos locais. Nos anos 50, líderes comunitários conseguiram minimizar o problema e a festa evoluiu para uma celebração voltada para as crianças. Devido ao grande número de crianças durante o baby boom dos anos 50, as festas passaram dos prédios públicos para as salas de aula ou residências, onde podiam ser mais facilmente acomodadas. Entre 1920 e 1950, as tradições centenárias de trick-or-treating foram trazidas de volta. Trick-or-treating era uma atividade barata para a vizinhança celebrar o Halloween. Teoricamente, as famílias podiam prevenir qualquer brincadeira de mau gosto (tricks) distribuindo doces (treats) para as crianças. Uma nova tradição americana nascia, e ainda continua a crescer. Hoje, os americanos gastam aproximadamente US$ 6 bilhões por ano com o Halloween, fazendo com que seja o segundo maior feriado em vendas para o comércio.

Não é a toa que as lojas estão forradas de abóboras, esqueletos, fantasias e doces, de todos os tamanhos e para todos os bolsos. Os supermercados vendem abóboras enormes, para os tradicionais entalhes e doces, como a torta de abóbora (pumpkin pie) que é tradicional e aparece também no dia de Ação de Graças (Thanksgiving e no Natal).



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Doação de sangue - Um convite


Da teoria à prática há por vezes uma enorme distância... Todos nós já tivemos contato, de uma forma ou de outra, com campanhas de solidariedade, de conscientização. Há aqueles que reconhecem o mérito da proposta, mas se limitam à uma concordância teórica, dolente assentimento de braços cruzados, aquiescência sentada em sofás... Mas há alguns que saem a campo, ativistas conscientes da importância de um gesto, de um ideal, de uma necessidade que se impõe: são estes que dão o exemplo, que realmente alavancam mudanças, que possibilitam soluções!

Esta postagem de hoje tem o intuito de colaborar na divulgação da campanha "Doe mais que um clique, doe sangue". Seus idealizadores: Marcelo Vitorino (http://www.inblogs.com.br/ ) e Edney Souza (http://www.interney.net/blogs/) . É com grande orgulho que convido meus amigos para participarem desta nobre iniciativa, seja sob a forma de divulgação em seus respectivos blogues, seja pelo efetivo ato da doação de sangue.


SAIBA SE VOCÊ PODE DOAR SANGUE. DESCUBRA O QUE VOCÊ PRECISA PARA TORNAR-SE UM DOADOR! (Fonte: Banco de sangue paulista)

Não deixe de fazer parte da campanha, mesmo que não possa doar atue como Embaixador, promovendo novas adesões.

Você deve ter mais de 18 e menos de 60 anos;
Seu peso deve ser superior a 50 kg;
Se homem, deve ter doado há mais de 60 dias;
Se mulher deve ter doado há mais de 90 dias; não estar grávida; não estar amamentando; já terem se passado pelo menos 3 meses de parto ou aborto;
Se você não teve Hepatite após os 10 anos de idade;
Se você não teve contato com o inseto barbeiro, transmissor da Doença de Chagas;
Se você não teve malária ou esteve em região de malária nos últimos 6 meses;
Se você não sofre de Epilepsia;
Se você não tem ou teve Sífilis;
Se você não é diabético;
Se você não tem tatuagens recentes (menos de 1 ano);
Se você não recebeu transfusão de sangue ou hemoderivados nos últimos 10 anos;
Se você não ingerir bebidas alcoólicas nas 24hs que antecedem a doação;
Se você estiver alimentado e com intervalo mínimo de 2 horas do almoço;
Se você dormiu pelo menos 6 horas nas 24hs que antecedem a doação;
Se você não se expõe ao risco de contrair o vírus da AIDS, tendo comportamentos como:
* não usar preservativos em relações sexuais
* Ter tido mais de dois parceiros sexuais nos últimos 3 meses
* usar drogas injetáveis

Antes da doação você vai passar por uma entrevista de triagem clínica, na qual podem ser detectadas algumas condições adicionais que possam impedir sua doação. Após cada doação serão realizados os seguintes exames em seu sangue:

Tipagem sangüínea ABO e Rh;
Pesquisa de anticorpos eritrocitários irregulares;
Teste de Coombs Direto;
Fenotipagem do Sistema Rh Hr( D,C,E.c,e) , Fenotipagem de outros sistemas;
Testes sorológicos para: Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Sífilis, HIV (AIDS), HTLV I/II;
Todas as vezes que você doar sangue serão feitos todos esses testes, e você receberá o resultado em cada doação.

Esta é uma campanha de http://www.doemaisqueumclique.com.br/ . Neste link poderá encontrar diversos tamanhos e formatos de banner, caso queira colocar em seu blog e participar da divulgação.

Imagem de http://www.plenamulher.com.br/dicas.asp?ID_DICAS=249

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sermão do padre durante o casamento




"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:

"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?

- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?

- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?

- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?

- Promete se deixar conhecer?

- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?

- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?

- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?

- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros." Mário Quintana

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O último discurso


Em 1939, a Alemanha de Hitler sonhava a utopia da superioridade ariana e da expansão tentacular a qualquer preço - um deles, a extinção do povo judeu. Em 15 de outubro de 1940, Sir Charles Spencer Chaplin Jr (Londres, 16 de abril de 1889/25 de dezembro de 1977, autor, diretor, roteirista e músico) lançou o filme O Grande Ditador, uma imortal, célebre obra de crítica aos ideais fascistas e nazistas, ao totalitarismo correntes à época em grande parte da Europa.


Este foi o primeiro filme sonoro de Chaplin, inaugurando um canal de expressão mais forte no roteiro de um discurso. Chaplin magistralmente interpretou dois personagens: um ditador e um barbeiro judeu, fisicamente idênticos. Há várias cenas inesquecíveis neste filme. Algumas silenciosas (como na sequência em que o ditador brinca com um globo terrestre) mas, nas cenas onde há som é poderosa a força da mensagem falada a atingir - ferina e crítica - o contexto político da época. O Último Discurso, cena que coroa todo este grande filme impressiona por sua atualidade: não há como ficar impassível frente àquelas palavras...Ao discurso totalitário de um sobrepõe-se o discurso do outro pregando a fraternidade universal...

Se àquela época vivia-se o terror da Segunda Guerra Mundial, ainda hoje o homem convive com a insanidade de guerras esparsas que parecem não ter fim e a angústia é a mesma. Precisamos rever, reler os grandes discursos - todos, sejam dos grandes ditadores, dos grandes pensadores, dos sábios, dos humildes, dos ignorantes, das crianças, da Natureza. Precisamos erguer os olhos como Hannah (referência à filósofa judia Hannah Arendt, 1906-1975 e, talvez à própria mãe de Chaplin) e acreditar que sairemos todos "da treva para a luz"...

Talvez o primeiro passo para isso seja a capacidade de extrair de cada discurso, de cada noticiário de jornal, de cada incidente doméstico a pergunta e a resposta que eles carregam intrinsecamente. Há sempre algo que podemos aprender, apreender, desde que nos propomos a arguir. Não podemos perder nossa capacidade de nos entristecer com o sofrimento alheio, não podemos assistir anestesiados aos noticiários e crê-los distantes.

Chaplin não se deixou embrutecer, nem se calou perante os fatos de sua época. Seu filme foi inicialmente mal recebido pela crítica e desencadeou a sua saída dos EUA.Temos muito a aprender com Chaplin e seus personagens (com o Charlot, ou em alguns países, Carlitos, com o ditador e com o barbeiro judeu). Seu canal de expressão foi o cinema...e o nosso, qual é?

Transcrevo abaixo, na íntegra, o texto de O último Discurso e, em video, a cena antológica.

O ÚLTIMO DISCURSO

"Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá”.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unâmo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unâmo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"

Ficha Técnica:
Origem: E.U.A. - 1940
Duração: 123m (pb)
Autoria: Charlie Chaplin
Produção: Charlie Chaplin
Realização: Charlie Chaplin
Fotografia: Karl Strüss e Roland Totheroh
Música: Meredith Wilson
Com: Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie, Billy Gilbert, Henry Daniell, Reginald Gardner, Grace Hayle, Maurice Moscovich, Emma Dunn.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As pessoas não têm de ler o que eu escrevo!


Estive pensando sobre o porquê dessa minha vontade de querer que os amigos façam comentários sobre o que escrevo nesse blog...Sinceramente, as pessoas não têm de ler o que escrevo...se eu assim gostaria que fôsse, não necessariamente vão fazer isso.


Creio que, quando começamos essa aventura de criar um blog, queremos externar sentimentos e pensamentos; queremos que o outro acompanhe nossos  passos, nos dê um feedback...É algo que beira a infantilidade...lembra o tempo em que se é criança: precisamos mostrar nossos progressos na descoberta que é cada dia; queremos aplausos, tapinha na cabeça ("você é uma boa menina"...). Mas, não tem de ser assim...hoje.

Dei-me conta - não sem uma pontinha de frustração - de que escrevo para mim...quem quiser, leia - sem mágoa; quem quiser, comente...O visitante que passa pelo meu espaço é anônimo e assim fica, se quiser...Quantas vezes fiz isso no site de outras pessoas? Foi por medo de me expor? Medo de que meu PC fosse alvo de vírus e cookies? Simples vontade de entrar e sair anônima? Ví que discordo do outro e não quero aprofundar uma discussão? Pois é: pode ser tudo isso e outras tantas coisas...

Estou me dando conta dos múltiplos sentidos que possui a Internet. Há a solidão (que é mascarada pela ilusão de interação fugaz), há todo um portal de conhecimentos que nos aguarda (bastando digitar o que queremos saber), há a válvula de escape (a liberdade de expor um pensamento), há a ferramenta de trabalho (personalizada, adaptada ao nosso perfil profissional).

Estou aprendendo a reconhecer a grande solidão que a rede também nos proporciona...Talvez a proposta não vá de encontro ao que anseio, porque simplesmente não posso exigir das pessoas que interajam comigo...pra me criticarem, concordarem, sei lá...isso não faz parte do mundo virtual; lá, a liberdade é maior...

Apercebí-me de que a solidão continua...apenas às vezes, se mascara e, pensamos ter encontrado no personagem - tão bem interpretado - um ser real...Saibamos assistir o espetáculo e aplaudir os atores por suas magníficas performances! Obs.: existe um manual explicando como retirá-la? (já sei, na Internet...). A dúvida surge porque às vezes ela se adapta tão bem que acreditamos ser o personagem!


A máscara que estou moldando é alegre e cheia de amigos...Quem sabe, um dia, ela não se encaixe tão perfeitamente que crie vida em mim...deixando de ser uma máscara. Por enquanto, penso escrever para mim mesma - quase que um desabafo...Se alguém quiser interagir, que bom!; se não, isso já não me angustia tanto...Um sincero e fraternal abraço a todos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Bíblia é um manual de maus costumes




Esta é uma frase de José Saramago, grande escritor português, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta. Incluem-se entre suas inúmeras premiações o Prêmio Camões (1995) - distinção máxima oferecida aos escritores de lingua potuguesa - e o Nobel de Literatura (1998), o primeiro concedido a um escritor de lingua portuguesa.

José Saramago classifica a Bíblia como "um manual de maus costumes" e "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana". "Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!", disse o escritor, numa entrevista concedida à Lusa, a propósito do lançamento mundial do seu novo livro, intitulado Caim, este domingo, em Penafiel. (Veja o video)
"
A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!", afirma o Nobel da Literatura de 1998, para quem não existe nada de divino na Bíblia, nem no Corão.

Para o Nobel da Literatura, o seu novo livro não vai escandalizar os católicos, mas admitiu que poderá gerar reações entre os judeus."Na Igreja Católica não vai causar problemas porque os católicos não lêem a Bíblia, só a hierarquia, e eles não estão para se incomodar com isso. Admito que o livro possa incomodar os judeus, mas isso pouco me importa", disse.

Com Caim, Saramago regressa ao tema religioso, contando, em tom irónico e jocoso, a história de Caim, filho primogênito de Adão e Eva, quase duas décadas após o escândalo provocado pela sua obra "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1991).

A carreira de Saramago tem sido acompanhada de diversas polémicas. As suas opiniões pessoais sobre religião ou sobre a luta internacional contra o terrorismo são discutidas e algumas resultam mesmo em acusações de diversos quadrantes. Logo após a atribuição do Prêmio Nobel, o Vaticano repudiava a atribuição da honraria a um "comunista inveterado". Uma frase de Saramago:  "Marx nunca teve tanta razão como hoje".

Saramago é conhecido por utilizar frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros: este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento.

 Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Apesar disso o seu estilo não torna a leitura mais difícil, se os seus leitores se habituarem facilmente ao seu ritmo próprio. Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea: é considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa.

O novo livro, Caim (Editorial Caminho), a sair para as livrarias na próxima segunda-feira, 19 (com edição simultânea em português, catalão e castelhano), é mais um arbusto a queimar na fogueira das convicções. Nestas 181 páginas, o escritor regressa, vigorosamente, à religião, revisitando o Antigo Testamento, quase 20 anos depois da polêmica criada, em 1991, pelo romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em que humanizava a figura de Jesus, tornando-o num jovem rebelde, e insinuava a sua relação com Maria Madalena (o norte--americano Dan Brown construiria um best-seller mundial sobre essa premissa)...

Saramago escolheu, pouco depois, residir definitivamente na ilha espanhola, alegando censura por parte do Governo português, quando o então subsecretário de Estado da cultura, Sousa Lara, impediu a candidatura desse livro ao Prêmio Europeu de Literatura. "Blasfêmia, blasfêmia!", disseram então alguns. Que dirão agora perante este Caim, dito primeiro homem concebido naturalmente e primeiro homicida na história humana, que matou o irmão por ciúmes, aqui a esgrimir com Deus? Um deus que o redime e com quem trava este diálogo: "Diremos que é um acordo de responsabilidade partilhada pela morte de abel, Reconheces então a tua parte de culpa, Reconheço, mas não o digas a ninguém, será um segredo entre deus e caim."

 O escritor já desfez, sobre esta produção literária, qualquer ilusão de se poder ler ali uma epifania ou um mea culpa, associado ao fato de ter roçado a proximidade com a morte, há cerca de um ano, quando esteve muito doente. O saldo existencial que fez não passou por confissões, contrições ou contradições. Em entrevista à agência Efe, aliás, Saramago declarou, recentemente, que "se Deus para mim não existe, eu não posso fazer um ajuste de contas com ele. O absurdo é que o ser humano primeiro inventou Deus e depois se escravizou a ele, isso é o que eu questiono nesta obra".

Terapia de choque

"Deus não é de confiança. Que diabo de Deus é este que para enaltecer Abel tanto despreza Caim?", lança o Nobel português, no trailer de Caim. E não só não é de confiança, como mente, incita à violência, arrecada riqueza, discrimina uns povos em detrimento de outros, entre outras patifarias, assegura o primogênito de Adão e Eva neste livro. Distante da leveza e do divertimento agridoce do livro anterior, A Viagem do Elefante, ou das considerações ensaiadas na blogosfera e compiladas em O Caderno, o novo volume (escrito em quatro meses) é um exercício irônico, provocatório, irreverente onde, apesar do humor flagrante de algumas passagens, Saramago aponta injustiças, crueldades, limitações ao livre arbítrio ou incongruências na narrativa do Gênesis.

Caim, que, na versão bíblica, está condenado a uma errância sem fim pelo mundo, estranhamente protegido pela mancha que Deus aqui lhe imprime na testa (que a ilustração de capa evoca, perturbadoramente, como um ferimento de bala, como um alvo a abater) transforma-se, aqui, num viajante espácio-temporal, digno de um relato de ficção científica.

De pulo em pulo, visita o futuro, percorrendo os principais capítulos do Gênesis: o sacrifício do filho de Abraão pedido por Deus, a suspensão da construção da torre de Babel por o senhor não querer uma língua universal, a descida de Moisés do Monte Sinai e o confronto com o bezerro de ouro que era o falso deus, a conquista de Jericó pelos israelitas na sua demanda da Terra Prometida, o Dilúvio e a Arca de Noé...

Faz-se testemunha mas também interveniente e júri a avaliar o Senhor: "(...) o leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que significa que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim." Caim salta para a liça e salva o rapaz, e aproveita para dar um sermão ao anjo salvador que pede desculpas de chegar atrasado, pois surgiu-lhe "um problema mecânico na asa direita"... Mais à frente, Caim, por "curiosidade de turista", acompanha Deus e Abraão às cidades de Sodoma e Gomorra, regateando o número de inocentes que poderiam fazer o Criador poupar a cidade: começam nos cinquenta inocentes, quarenta e cinco, quarenta... Depois da queima de Sodoma, Saramago coloca Caim a lembrar ao pai das três religiões ( judaísmo, cristianismo, islamismo) a promessa divina não cumprida de poupar as cidades se houvesse dez inocentes: "Se os houvesse, o senhor teria cumprido a promessa que me fez de lhes poupar a vida. As crianças, disse caim, aquelas crianças estavam inocentes.

Meu deus, murmurou abraão e a sua voz foi como um gemido, Sim, será o teu deus, mas não foi o delas." Noutro pulo temporal, o protagonista sentencia que "aqui, no sopé do monte sinai ficara patente a prova irrefutável da profunda maldade do senhor, três mil homens mortos só porque ele tinha ficado irritado com a invenção de um suposto rival em figura de bezerro. Eu não fiz mais do que matar um irmão e o senhor castigou-me, quero ver agora quem vai castigar o senhor por estas mortes, pensou caim."

 Pilar del Río, esposa do escritor e presidente da Fundação José Saramago, escreveu no blog: "Caim não é um tratado de teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas: é uma ficção em que Saramago põe à prova a sua capacidade narrativa ao contar, no seu peculiar estilo, uma história de que todos conhecemos a música e alguns fragmentos da letra." Admitindo a perturbação possível em alguns leitores, ela defende que "a grande literatura está aí para cravar-se em nós como um punhal na barriga, não para nos adormecer como se estivéssemos num opiário e o mundo fosse pura fantasia." Um romance que é, diz, "literatura em estado puro".
E que venha o dilúvio

Caim é um exercício de liberdade de José Saramago: espelha a liberdade defendida pelo seu personagem que, por sua vez, espelha a liberdade defendida amiúde pelo escritor. E não se fica apenas pela subversão do tempo na narrativa e da intervenção do fraticida nos dogmas bíblicos. O autor dispara farpas sutis a temas contemporâneos como a crise e o desemprego, o acordo ortográfico, a acumulação de riqueza em nome do Senhor, os direitos dos homossexuais, ou a "propaganda" israelita. No início da sua deriva, Caim chega a uma cidade com um edifício em construção "nada que se pareça a mafra, versalhes ou a buckingham ". Os operários "logo perceberam que quem ali estava era mais uma vítima da crise, um triste desempregado à busca de uma tábua de salvação".

 Espectador da conquista de Jericó, faz estas considerações: "Como sempre tem sucedido, à mínima derrota os judeus perdem a vontade de lutar, e, embora na atualidade já não se usem manifestações de desânimo como as que eram praticadas no tempo de josué, quando rasgavam as roupas que tinham vestidas e se lançavam ao chão, com o rosto na terra e as cabeças cobertas de pó, a choradeira verbal é inevitável. Que o senhor educou mal esta gente desde o princípio, vê-se pelas implorações, pelas queixas, pelas perguntas de josué (...) este mesmo josué que costuma deixar atrás de si um rasto de muitos milhares de inimigos mortos em cada batalha perde a cabeça quando lhe morre a insignificância de trinta e seis soldados." Para bom entendedor, o livro dispara em muitas direções, muitos outros Caim que também terão uma mancha negra na sua testa.

Deus tudo sabe e tudo pode? Como um escritor face à sua obra. E Saramago escreve já outro romance, indiferente ao dilúvio que Caim pode provocar.





Informações retiradas de : http://aeiou.visao.pt/a-biblia-e-manual-de-maus-costumes-video=f533635 , http://www.ionline.pt/itv/19999-a-biblia-manual-maus-costumes-jose-saramago , http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago e http://aeiou.visao.pt/deus-nao-e-de-confianca=f533703

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Horário de verão


A ideia de um "horário de verão" é creditada a Benjamin Franklin (1709-1790) que, por sinal teve sua ideia rejeitada à época. Em 1884 houve uma tentativa de uniformização dos padrões de medição de horas a nível mundial. Porém, só em 1916, em plena Primeira Guerra Mundial, os relógios alemães foram adiantados objetivando economizar combustíveis (no caso, o carvão). A partir da Segunda Guerra, com a repetição dessa medida, essa prática tem sido adotada nos meses de dias mais longos em vários países.


O Brasil é o único país equatorial a adotar o horário de verão, com a justificativa da economia de energia, da estabilidade do sistema elétrico.Segundo o ONS ( Operador Nacional do Sistema Elétrico), há uma demanda de energia (particularmente, por volta das 18 horas, horário em que as pessoas retornam aos seus lares, acendem os interruptores, ligam os chuveiros e aparelhos eletrodomésticos).Paralelamente a isso, aciona-se a iluminação pública, o que poderá gerar um impacto negativo na estabilidade do sistema.

Na verdade, há uma economia de energia (até 5%) nos estados da região sul, porque ela se localiza ao sul do Trópico de Capricórnio...Nos demais ( Sul, Sudeste e Centro-Oeste), o impacto incide mais na programação das emissoras de TV, que por seguirem o horário em vigor no Rio de Janeiro e São Paulo, gerou situações que já foram criticadas, principalmente no Acre, como por exemplo, a transmissão do Jornal Nacional à tarde ou a exibição de programas com faixa de censura etária mais cedo...

Faço parte de um grupo de pessoas que não se conforma com o horário de verão...Ontem começou mais um em meu País e meu corpo,hoje, já se ressente...Normalmente acordo cedo e durmo cedo, mas aquela horinha preciosa que me foi roubada,e que me faz levantar mais cedo do que o habitual me faz falta...Questiono a justificativa da economia energética: somos um País ensolarado, que se aproveite a energia solar!; há ventos constantes, que se aproveite a energia eólica! detemos a tecnologia do álcool enquanto forma de combustível: usêmo-lo! Soube que o bagaço de cana - um resíduo que normalmente é descartado - é uma riquíssima fonte de produção de energia a um custo baixíssimo...Porque mexerem no "meu" tempo????? rsrs

No ano passado o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Decreto 6558, fixou datas fixas para o início e término do horário de verão. Ele começa a partir da zero hora do terceiro domingo de outubro e se estende até a zero hora do terceiro domingo de Carnaval...Esta medida vigora no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, minha querida Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, o que segundo os cálculos gerará uma redução de 4 a 5% no consumo de energia elétrica no horário de pico ao qual me referí, representando um economia de aproximadamente 2 mil megawatts.

Tentam me provar que tudo isso é muito significante...O que sei é que o "horário legal", como dizem os italianos(Ora legale), afeta o relógio biológico...e talvez ele seja esperado ansiosamente no Rio de Janeiro ensolarado e de lindas praias...Não me convencem! Sei que o bem comum se sobrepõe ao individual, mas será certo isso de mexer no tempo, mesmo que saibamos que os calendários são convenções? Bom, agora temos um decreto...há que se respeitá-lo; apenas usei esse meu espaço como um desabafo...

Transcrevo abaixo uma curiosidade: em 1931, na primeira edição do horário de verão em meu País, nosso grande Noel Rosa, então com 21 anos , compôs dois sambas que retratam essa novidade à época, O pulo da hora e Por causa da hora.


O pulo da hora (Que horas são?)

Eu venho agora
Saber a hora
Que o ponteiro está marcando
No relógio da Senhora.

Minha mulher
Sempre quer me dar pancada
Quando eu olho o mostrador
Do relógio da criada.
Eu já danado
Com intriga e com trancinha
Arranquei hoje o cabelo
Do relógio da vizinha.

Fiquem sabendo,
os senhores e as senhoras
Que o pai da minha pequena
Me manda embora às 10 horas.

Mas a pequena, que é sabida e muito sonsa
Com este pulo da hora
Já deu o pulo da onça.

Há muito tempo
Briguei com o batedor
Troquei de mal com as horas
Quebrei o despertador.

O meu relógio anda agora viciado
De tanto andar no meu bolso
Ele anda sempre atrasado.

“O meu relógio
É de ouro brasileiro,
Trabalha bem sem a corda,
Sem ter vidro nem ponteiro.

Em minha casa
Surgiu hoje uma briga:
Meu credor usa a moderna
E eu uso a hora antiga.

O carioca
Perdeu a calma e a paz:
A hora pulou pra frente
E a nota pulou pra trás.

Mas eu agora
Já gostei desse brinquedo,
Para me vingar da hora
Janto três horas mais cedo.

Por causa da hora

(Senhorita adiantou o seu relógio)

Meu bem
Veja quanto sou sincero
No poste sempre eu espero
Procuro bonde por bonde
E você nunca que vem
Olho, ninguém me responde
Chamo, não vejo ninguém.

Talvez seja por causa dos relógios
Que estão adiantados uma hora
Que eu, triste, vou-me embora
Sempre a pensar porque
Não encontro mais você?
Terei que dar um beijo adiantado
Com o adiantamento de uma hora
Como vou pagar agora
Tudo o que comprei a prazo
Se ando com um mês de atraso?

Eu que sempre dormi durante o dia
Ganhei mais uma hora pra descanso
Agradeço ao avanço
De uma hora no ponteiro:
“Viva o Dia Brasileiro!"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

15 de outubro: Dia do Professor


Tive inúmeros professores em minha vida acadêmica e inúmeros que não portavam esse título e, que me ajudaram na construção do que hoje sou. Interessante como nos lembramos de poucos...geralmente daqueles que nos exigiam mais em termos de desempenho escolar...

Poucos alunos se dão conta de que aqueles professores que lhes exigem horas extras de estudo são os que realmente irão marcá-lo, irão contribuir na sua futura formação profissional. Pensa-se - equivocadamente - que um professor "bonzinho", que fecha os olhos às "colas" em época de prova, que exige pouca pesquisa é um bom professor.

Lembro-me de um professor que, certa vez, me "exigiu demais". Estava em minha última faculdade e, deveríamos fazer pesquisas - como parte da aula - em um computador. Não sabia sequer ligá-lo! Sentí-me envergonhada perante meus jovens colegas; via-me atrapalhando o rendimento de suas pesquisas, por terem de pará-las a todo instante para me dar explicações sobre como começá-la...

Um dia, fui procurá-lo para expor a minha angústia, minha inconformação com o que considerava ser-me prejudicial. Afinal, existem outras formas de se fazer uma pesquisa - pensava eu nos livros...Nunca esquecerei o que esse professor me disse. Não sei se por minha sinceridade no falar, naquele dia descobrí um homem no mestre e, um mestre no homem...

Aquele homem fez-me um breve resumo de sua vida até aquele momento (grau de Mestrado a caminho do Doutorado); contou-me de uma vida de pobreza, sacrifícios, de vontade de progredir, estudar e nobreza de caráter. Falou-me à época que ainda não dispunha de dinheiro para comprar um computador, pois enviava dinheiro para seus velhos pais. Mostrou-me que eu pagava - e caro - por uma faculdade que, entre outras coisas, me disponibilizava um computador. Que aprendesse a lidar com ele!

Ví depois a imensa sabedoria daquele homem...Aquele que realmente vê em seu aluno o profissional em latência que um dia será, força-lhe conhecer os diversos tipos de instrumentos para que se enriqueça e se amplie o seu futuro profissional...E sabia ele, não descurado o valor de uma biblioteca, da qual também não se pode prescindir: a Internet é uma poderosa fonte de pesquisas.

Quando vejo crianças e jovens se perguntando do porquê são obrigados a estudar determinada matéria que "não gostam", lembro-me do meu professor. Olho para eles - num misto de carinho e solidariedade pelo que fui - e rogo a Deus que lhes dê um professor como o que eu tive...

O processo de aprendizagem é complexo e existem várias concepções do que é ensinar, como ensinar, o que ensinar, para que ensinar, como transmitir, enfim, um determinado conhecimento. Várias pesquisas têm sido desenvolvidas nas áreas de Psicologia e Educação, particularmente, devido às críticas que vêm sendo feitas à forma de ensino nas escolas, o que denota uma preocupação dos educadores com a qualidade do que é apreendido pelo aluno. Isso tudo é muito importante quando se consideram questões como: O que realmente o aluno aprende? Quanto da forma como o professor expõe o conteúdo da matéria interfere na compreensão do aluno sobre esta matéria? Quantos alunos adquirem "raiva" de determinada matéria devido ao professor? Quantos alunos terão sua futura escolha profissional embasada em determinada matéria que certo professor, uma vez, lhes apresentou?

A todos os professores, deixo minha mensagem de carinho pelo seu dia. Minha gratidão àqueles que me ajudaram na construção de mim mesma - sejam os de uma escola, sejam aqueles ou aquilo que me cerca...Particularmente àqueles dos quais me lembro, meu respeito, minha admiração e a certeza de que hoje sei que à época estavam certos...Àquele professor ao qual me referí, meu abraço sincero , saudoso e cheio de orgulho!

Creio que todo professor, enquanto tal (aqui não me refiro, pois, àqueles que não têm consciência de que o são a todo instante, isto é, as pessoas com as quais convivemos no nosso dia-a-dia, excluído o meio escolar) deveria ter essa consciência de que a forma como transmite seu saber é crucial na simpatia/antipatia por determinado campo do saber. A forma com que se doa à nobre profissão é plenamente percebida pelo estudante; um bom professor será assim lembrado no futuro, porque se irmanava com seus alunos na busca do aprendizado...Se sempre aluno, esmerava-se como professor no repassar daquele pouco que julgava dominar e assim realmente transmitia...

Deixo abaixo um texto que considero bastante pertinente e, também, uma homenagem a todos os professores pelo seu dia. Ao meu doce amigo do Spaces, Andrade : Parabéns, professor! Que Deus continue a lhe iluminar os passos.

Parábola ao professor

"És o semeador da parábola.
Não te preocupes onde caem as sementes.
Semeia sempre.
A cada um será dado segundo suas obras.
Se tua semente não germina, examina com confiança tuas ações;
Faze tua auto-crítica: reconhece teus enganos; recomeça com teu exemplo, com
humildade, lutando contra os desenganos da vida, semeando o amor, o respeito, a fé, a
confiança no próximo e em Deus.
E se ainda, não brota a tua semente, insista sempre, com paciência, regando com amor a
terra árida da sementeira alcançando o adubo da compreensão, removendo a mata da
discórdia e deixando que a luz do Sol da fé possa trazer seus raios para a floração
perfeita da primavera.
E no fim de cada jornada de trabalho, ora a Deus pedindo-lhe amparo e proteção, para
que tua paciência não falte, para que teu amor não se esgote.
Luta com confiança contra todos os obstáculos que possam surgir na caminhada de
Mestre e Professor." (desconheço a autoria)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Repúdio ao video de Maitê Proença


Meus amigos, está a circular na Rede um video do Youtube onde a atriz Maitê Proença mostra uma desrespeitosa conduta em relação aos portugueses. Já recebi três e mails de meus amigos de Portugal e, dois deles, inclusive, fizeram uma postagem no blog informando o seu justo descontentamento.


Sinto-me profundamente envergonhada com a conduta que pude ver no video. Considero lamentável e desrespeitoso este episódio. Gostaria de externar aos meus amigos portugueses minha insatisfação e dizer-lhes que relevem... infelizmente há todo tipo de pessoas em um país de características continentais como o meu; porém, creio que este é um dos casos isolados e que, por isso mesmo, não reflete a opinião da maioria. Deixo aqui meu repúdio a este tipo de comportamento e, bastante constrangida, meu pedido de desculpas à Pátria irmã que tanto considero. Deixo também meu sincero e fraternal abraço e a certeza de minha elevada estima e consideração ao nobre povo português a quem tanto devemos a formação de nossa cultura. Alpha Leninha

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dia das Crianças


Comemora-se hoje no Brasil o Dia das Crianças e, para os católicos, o Dia de Nossa Senhora Aparecida. Deixo abaixo uma poesia de Dora Incontri e um texto para reflexão.

Poesia sobre as crianças abandonadas nas ruas do Brasil:

Menino triste

"Que queres, menino triste?
Que me páras no farol?
Que sonho escuro que viste,
Pois teus olhos não têm Sol?

Tua madrasta é a rua,
Com seu cimento gelado,
E de noite, nem a Lua
Te dá um olhar de trocado...

Quem te largou neste mundo,
Para catares esmola?
Se roubas, és vagabundo...
Mas quem te roubou a escola?

E quem te arrancou da mão
Um brinquedo e uma esperança?
Quem te tirou, sem perdão,
O direito a ser criança?

Tua escola é a calçada,
Que frequentas todo em trapos.
Se o dia não rende nada,
Logo apanhas uns sopapos.

Menino, no olhar me imploras
Muito mais do que um favor.
Querias que tuas horas
Fossem preenchidas de amor!

Mas o que vês são os carros!
Passam depressa, sem dó.
Os sorrisos te são raros.
O Brasil te deixa só.

Minha poesia já chora;
Os meninos são milhões.
Será que o povo de agora
Perdeu os seus corações?

Vá correndo, minha Musa
Pedir ao homem tão duro,
Que das tristezas abusa,
Que reparta seu futuro!

Poderá haver perdão,
Dizei-me Vós, Senhor Deus,
Para a megera Nação
Que assim trata os filhos seus?

E a Musa conclama alto,
Com resquícios de esperança:
Brasil, não jogues no asfalto
A alma de uma criança!"

MENINO DE RUA

"Quando você passa e vê um menino de rua, pense um pouco: e se fôsse seu filho?
Quando você o olha e chama de pivete, pergunte-se se gostaria que alguém assim chamasse seu filho. Com certeza, você dirá que seu filho está bem protegido e cuidado, em sua casa. Que você não o deixa perambulando a esmo pelas ruas da vida. E tem razão.
Você é um pai consciente e amoroso. E esse garoto que passa, descuidado e sujo, não tem quem se interesse de verdade por ele.
Pense que talvez ele esteja nas ruas, porque embora com toda a violência que elas apresentam, ainda são melhores do que ele conheceu um dia por lar ou família.
Você abraça e beija seu filho todas as manhãs. Talvez esse menino não tenha recebido outros cumprimentos que palavras rudes e gestos agressivos.
Também é possível que seus pais o tenham largado à própria sorte, por ser ele muito rebelde. Ainda assim, pense que, apesar de todas as mal-criações de seu filho, as travessuras, você não o coloca para fora de casa. Antes, insiste para que ele se adapte à disciplina e às normas que você estabelece como adequadas.
Esta é a grande diferença entre esse menino malcriado da rua e seu filho: o investimento da ternura, a disciplina do amor.
À noite, antes de se recolher, você adentra o quarto de seu filho e o vai beijar. Com carinho, ajeita-lhe as cobertas, cobrindo-o, a fim de que ele não se resfrie, nas noites invernosas.
Esse outro, filho das ruas, não tem sequer uma coberta. Muito menos quem o cubra. Seu colchão é a grama dos jardins ou as pedras das calçadas. O único cobertor que recebe é do sereno que o envolve, à medida que a madrugada avança, fria e quieta.
Quando seu filho apronta nas ruas, você o chama e enquanto o fixa nos olhos, passa-lhe as lições dos reais valores, dizendo com todas as letras o que você espera dele: que se transforme em um homem de bem, responsável e cônscio de seus deveres.
Esse outro, menino desleixado e solto, ganha braços fortes de estranhos que o detém, na sua insânia. E enquanto se debate, tentando se libertar, somente ouve palavras que reprisam exatamente o que ele não gostaria de ser: vagabundo, sem-vergonha, ladrão.
Pense: o seu filho tem todas as oportunidades de se tornar um cidadão honrado, que brinde a sociedade com suas boas obras. Esse outro, possivelmente, se transformará no celerado que a sociedade abominará, e para o qual somente indicará o encarceramento, a fim de se sentir, ela própria mais segura.
Pense: se você não existisse, pai consciente e responsável, seu filho poderia estar nas ruas, em idênticas condições. Se você não investisse nele todo seu cuidado, ele poderia estar engrossando as fileiras desses que passam por você, todos os dias, enquanto você dirige para o trabalho ou anda pelas avenidas.
Poderia ser o "flanelinha" que no sinaleiro tenta limpar o pára-brisa de seu carro, em troca de algumas moedas. Poderia ser o menino sem educação, que solta palavrões quando você não lhe oferece nada, e ele espera tanto.
Poderia ser seu filho...Pense nisso e faça alguma coisa.Colabore com as instituições que se esmeram em criar lares de acolhimento para essas crianças sem lar.
Ofereça-se como voluntário para ensinar um esporte, uma atividade produtiva.
E, se você achar que não dispõe de recursos amoedados ou de tempo para colaborar, doe seu olhar de compreensão, a próxima vez que se deparar com um desses meninos, pivetes, "cheiradores" de cola, filhos de ninguém.
Deixe de olhar para ele como um inimigo. Ele é também filho de Deus e espera da vida o que todos esperam: alegria, amor, oportunidade.
Ah, se alguém o pudesse ajudar...

***
Todo ser que renasce na Terra traz o compromisso do crescimento para a Luz.
Alguns renascem como aves sem ninho, jogadas ao vento dos dias tormentosos. Certamente, tudo está no quadro das suas expiações e resgates.
Mas se Deus, às aves do céu providencia alimento, que não espera que seus filhos façam aos seus irmãos, na carne?
Pense nisso, na próxima vez que o seu olhar deparar com um garoto de rua, triste e solitário, à espera de que alguém descubra nele o espírito imortal que é, e realize ali o seu investimento de amor."
Equipe de Redação do Momento Espírita ( www.momento.com.br )

Nossa Senhora Aparecida, olhai nossas crianças e os adultos que as acompanham...

Abaixo, coloco um excerto de texto que explica a origem da devoção dos católicos no Brasil à Nossa Senhora "Aparecida'', padroeira do Brasil, e aqui, o link de um video belíssimo de Roberto Carlos ( uma música feita num momento de profunda inspiração...)

"Juntamente com o Dia das crianças, 12 de outubro é o Dia da Padroeira do Brasil, o Dia de Nossa Senhora de Aparecida.A sua história tem início em meados de 1717, quando chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho da Vila Rica ( atual cidade de Ouro Preto ), em Minas Gerais.Desejosos de obsequiá-lo com o melhor pescado que obtivessem, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a Porto Itaguaçu, a 12 de outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Em nova tentativa apanhou a cabeça da imagem.Envolveram o achado em um lenço e, pelo acontecido, lançaram novamente as redes com tanto êxito que obtiveram copiosa pesca." ( http://www.tudolink.com/dia-de-nossa-senhora-aparecida-12-de-outubro/ )

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A história de Hachiko


                                                            Akita-Inu Preservation Society Inc.



Uma das mais bonitas histórias, que chamou a atenção do Japão e do mundo todo, colaborando assim para a restauração e preservação da raça Akita, foi a comovente história de um cão Akita chamado Hachiko.

Em novembro de 1923 nasceu um filhote de Akita na prefeitura de Akita, Japão. Aos dois meses de idade foi mandado ao professor Eizaburo Ueno em Tokyo, que ansiava por um cão Akita há anos. O professor batizou o cãozinho de Hachi e o chamava carinhosamente pelo diminutivo Hachiko.

O professor residia num subúrbio de Tokyo perto da estação de Shibuya. Hachiko acompanhava seu dono todas as manhãs no percurso de casa à estação de trem, voltando no final da tarde para acompanhá-lo na volta para a casa.

No dia 21 de maio de 1925, Hachiko, que tinha apenas um ano e meio, estava na estação como de costume esperando seu dono chegar no trem das 16 horas. Porém, naquele dia o professor não chegou, pois sofreu um derrame fatal na Universidade.

Após a morte do professor, seus parentes e amigos passaram a cuidar de Hachiko que continuou a ir à estação de Shibuya todos os dias à mesma hora para esperar seu dono voltar do trabalho. Os anos passaram e Hachiko, já com dificuldades para andar em decorrência de artite, continuava a fazer sua peregrinação diária à estação. Sua vigília durou até o dia 7 de março de 1934, quando já com 11 anos e 4 meses foi encontrado morto no mesmo lugar onde esperou pelo seu dono por tantos anos.


A memória de Hachiko foi imortalizada em uma pequena estátua de bronze colocada na estação de Shibuya, local onde ele morreu. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial todas as estátuas foram confiscadas e derretidas, incluindo a de Hachiko. Em 1948 o filho do escultor da estátua original foi contratado para criar uma réplica dessa estátua, que foi colocada no mesmo lugar da anterior. Hoje, todos que passam pela estação de Shibuya em Tokyo podem ver a imponente estátua de Hachiko, erguida em sua memória eternizando a paixão desse cão por seu dono e sua lealdade incomparável. Sua figura imponente, esculpida em bronze e colocada sobre um pedestal de granito, ergue-se como uma silenciosa prova do lugar ocupado pelos Akitas na história cultural e social do Japão.


A história de Hachiko é mostrada este ano no filme A Dog'story e tem como ator principal Richard Gere.









Informações retiradas de http://www.geocities.com/heartland/2433/arquivos/hachiko.html e http://www.armariodaca.com/


terça-feira, 6 de outubro de 2009

A cultura da descartabilidade


O processo de industrialização iniciado na Revolução Industrial teve inúmeras consequências, entre elas, a produção acelerada de bens de consumo, o crescimento do comércio e o nascimento das indústrias. Ao propiciar o acesso a produtos que antes eram privilégio de poucos, inaugurou também uma nova era cultural. Em um mundo onde tudo e todos podem ser comprados surge o consumismo.

Este fenômeno da sociedade contemporânea ampara-se nas técnicas de marketing, sustenta-se e é influenciado pela propaganda - ambas embasadas na Ciência (Psicologia, por exemplo) -, as quais ditam normas sobre o que consumir, e geram uma inversão de valores entre o útil e o necessário. Entre este e aquele permeia o descartável. O necessário ou o útil de hoje, fatalmente, sê-lo-á supérfluo amanhã...

Assim, já não nos contentamos em ter dois ou três pares de sapatos e algumas trocas de roupas, e enchemos nossa sapateira e nosso guarda-roupas com inúmeros calçados e roupas que se tornarão "demodê" na próxima estação...A sensação é a de que escravizantes convenções ditam normas sobre o que é belo, sobre o que é bom. Ao ditar o belo, implícito está o feio, o que não deve ser usado. Estar na moda é garantia de aceitabilidade durante alguns meses... Não questionamos o quanto a beleza imposta é dogmática, fere o subjetivo, a percepção individual, atenta contra a diversidade...

A imposição do supérfluo faz-se notar em todas as fases de nossa vida. Antes mesmo de nascer, várias crianças são esperadas com todo um aparato de roupinhas e brinquedos supérfluos; diferentes ícones anuais seduzem as crianças na escolha de suas mochilas escolares; diversos acessórios e roupas erotizam mais cedo os jovens; a tecnologia nos permite que a satisfação dure apenas o instante da obtenção de nosso novo aparelho (TV, celular, PC etc.), pois que novos aparelhos de maiores recursos são lançados no mercado a uma velocidade vertiginosa...
Em nossa maturidade, matâmo-nos no trabalho , em detrimento da convivência no lar, para amealharmos recursos que nos possibilitem comprar sonhos. Em nossa velhice abundam opções de turismo e lazer que nos fazem desvalorizar o que conseguimos por nunca achá-los suficientes...


Este mundo industrializado fez nascer novas exigências no mercado, qualificações outras para o mundo do trabalho. Profissões foram desvalorizadas ou extintas; condenou-se o artesanal a produto raro. Um exemplo: a moda pret-à-porter. Esta expressão, que significa "pronto para usar", para vestir, surgiu em 1946 com J.C.Weill e foi inspirada na expressão norte americana "ready to wear". Refere-se à roupa comprada pronta em lojas, seja fabricada industrialmente, ou feita à mão. A moda pret-à-porter inaugurou a decadência de profissões como costureiras e sapateiros, bastante comuns a algumas décadas. Saber costurar, inclusive, fazia parte da preparação de uma jovem para o casamento...Hoje, quando encontramos costureiras e sapateiros, o nobre ofício se restringe a pequenos consertos...Nossas roupas, nossos calçados, encontrâmo-los em lojas em grande quantidade e, às vezes, baixa qualidade...Consertá-los talvez saia mais caro: é melhor descartá-los...

A par dos grandes benefícios que a industrialização nos proporcionou penso ser salutar uma reflexão sobre suas consequências. E uma delas é a criação de uma cultura da descartabilidade e o quanto ela nos afeta. Hoje consumimos de tudo e de todos; as pessoas buscam cada vez mais a felicidade mas, esta é vista, assim como o prazer, como um artigo de consumo...A grande frustração das relações ocorre, na maior parte das vezes, pela sua fugacidade...

A cultura da descartabilidade caracteriza-se pela efemeridade; seu paradigma engloba muito mais do que a aquisição de produtos, invadindo o âmago de nossas relações interpessoais, gerando uma fragilidade, uma incerteza na construção de vínculos sólidos, estáveis. O reflexo do mundo do descartável: pessoas descartáveis!

Houve uma substituição de sentimentos como amor, companheirismo por desconfiança, competitividade. Os relacionamentos de hoje caracterizam-se por serem de curto prazo ou mesmo virtuais. O "ficar" ( gíria dos jovens que se refere ao "namoro" de um dia só) dos jovens é um exemplo do consumismo afetivo. Substituem-se pessoas como substituem-se máquinas; vendem-se conselhos e orientações no profissionalismo bem pago de consultórios e escritórios...Busca-se a compra da felicidade; porém, a satisfação de tê-la dura apenas o instante da compra...

O imediatismo nos faz consumir fast-foods, alimentos semi-prontos, instantâneos , de rápido preparo e nos reúne em mesas de restaurantes...Faz-nos desvalorizar a dona de casa, alienarmo-nos com relação à fabricação do necessário, pois que já não temos tempo para produzir nosso próprio alimento e, nem mesmo sabemos como fazê-lo...

A cultura da descartabilidade escancara uma consequência: o lixo dos produtos, o lixo humano dos excluídos, o lixo dos valores, o lixo do original, o lixo da sensibilidade, o lixo da música (?!) que só dura um mês...o lixo da notícia do jornal (que só dura até a próxima...).

É preciso repensar onde colocaremos tanto lixo. Se dos produtos já se evidencia a necessidade da reciclagem, em prol da saúde do Planeta, como faremos com os sub-produtos, resíduos de nossas relações? Não sou descartável; não temos de ser descartáveis.

Alertêmo-nos e alertemos nossas crianças, vítimas da sociedade consumista que criamos! Saibamos orientarmo-nos e orientá-las para o assédio das propagandas, da publicidade que tudo vende e impõe necessário. Saibamos discernir e abrir-lhes os olhos no discernimento do essencial. Vigiêmo-nos e vigiêmo-las para que saibamos identificar o lado patológico do consumismo: a compra desenfreada e sintomática de bens desnecessários.

Não estou aqui tentando, na contramão da História, fazer uma apologia pela volta à "simple life"...Como no programa de TV, infelizmente seria ridículo e hilário...Apenas dei-me conta, ao vir morar numa chácara, do quanto nos cercamos de uma parafernália de coisas ditas imprescindíveis...Dei-me conta do quanto é prazeroso fazer e comer o próprio pão, do quanto são belos os sons da Natureza que a cidade afasta e abafa; do quanto o essencial não se encontra nas propagandas de TV e nas vitrines das lojas...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre a sinceridade


A palavra "sinceridade" vem, etimologicamente, do latim sincerus. Há duas explicações para sua origem - que encontrei na Rede.Vejâmo-las.A primeira é que foi inventada pelos romanos. Estes produziam vasos com uma cera especial. Essa cera era, às vezes, tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes. Em alguns casos se conseguia ver objetos que estivessem no interior do vaso, olhando-se por fora. Para esta perfeição da arte antiga os romanos diziam: "Como é lindo, parece até que não tem cera!" "Sine cera" queria dizer "sem cera", uma qualidade de um vaso perfeito, raro, de grande valor que deixava ver através de suas paredes.

Outra explicação da origem: quando os oleiros fabricavam seus vasos, alguns rachavam e apresentavam pequenas frestas pelas quais se perdia o valioso líquido depositado nos vasos. Uma das soluções encontradas foi tapar as frestas com cera...Vasos "sem cera" eram autenticamente íntegros, sem remendos. Vasos "com cera" tinham aparência de autênticos, mas não eram.

Um ponto em comum em ambas as explicações é o caráter de autenticidade, de virtude. Com a evolução dessa palavra, associâmo-la hoje com franqueza, lisura de caráter, ausência de falsidade. Mas o que significa realmente ser sincero? Será mesmo uma virtude ou algo que pode incomodar o outro? À semelhança do vaso, deixar ver os sentimentos que nos vão dentro do coração, nem sempre é bem recebido com olhares de admiração...

Há uma estreita relação entre sinceridade e verdade; porém, não se confundem. Ser sincero implica em auto conhecimento; não basta dizer a verdade, o que se pensa para outra pessoa: é preciso sê-lo e dizê-la, primeiramente, para si mesmo. E arguir-se: estarei com minha conduta contribuindo para um relacionamento autêntico?

Sinceridade pode ser notada no olhar, no gesto espontâneo; não diz mais do que precisa. Já a verdade, por exemplo, realiza mais do que se propõe...A sinceridade caminha ladeada pelo respeito e pela tolerância: ao outro, ao seu próprio tempo e, se necessário, sabe se calar numa eloquência muda .

É possível viver com sinceridade nesses tempos onde impera a hipocrisia, onde se maquiam sentimentos pela fugacidade dos próprios relacionamentos? Onde há uma cultura que endeusa o descartável, uma virtualidade que constrói perfis nas redes de relacionamento? Onde aparentar ser ganha mais pontos que ser? Onde tê-la na Política? Onde esse "homem verdadeiro" que à luz das modernas lanternas tão somente consegue o resultado frustrado de Diógenes a 400 a. C.?

Penso que na sinceridade há uma flecha que pode ferir desmesuradamente; há uma faca de dois gumes: um que retira as cascas de si mesmo, revelando a essência insubornável e, outra que fere o dedo de quem a usa por haver aprofundado o corte nas aparas ( de sí e de outrem)...A verdade que se escancara, por vezes, na sinceridade de um comportamento, pode revelar um lado desconhecido - de nós mesmos ou do outro. A ausência de medida poderá transformar o néctar em enjoativo doce e o sal da gota em insalobra bebida...

Qual o equilíbrio? Se é certo que os excessos são nefastos, penso que sim! devemos ser e cultivar a sinceridade!Mas não aquela imprudente, que magoa, que beira o sarcasmo, que deflora e expõe a intimidade. Nem aquela que somente cala e deixa que o outro a intua, a perceba. Não aquela louca, utópica , dos excêntricos, e que a cada dia mais sós, apenas conseguem granjear inimizades ou a complacência dos "sãos" aos loucos...

Creio que devamos sim, ser o mais perfeita e conscientemente sinceros. Isso significa, repito, conhecer-se primeiro; daí conhecemos o outro. Respeitar-se primeiro; daí não violaremos o outro. Falar após reflexão; assim, as críticas no futuro serão melhores e nossas chances de sermos compreendidos em nosso pensamento aumentarão. Na verdade, sinceridade é essencial. Mas creio não ser possível vivê-la plenamente sem que se rasguem as entranhas da intolerância ao diferente, do respeito ao discernimento do outro. Sigamos com nosso exemplo - pausado, mas refletido; mas, não nos esqueçamos que o outro poderá não entendê-lo...poderá - o que é pior - deturpá-lo ou desacreditá-lo...Sigamos, mesmo assim...

Deixo abaixo alguns pensamentos sobre Sinceridade e um fragmento de texto de Montesquieu:

"A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis" (Marquês de Maricá)

"Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal" (Oscar Wilde)

"Não há no mundo coisa mais difícil do que a sinceridade e mais fácil do que a lisonja" (Dostoievski- Crime e Castigo)

"Estamos tão familiarizados com a hipocrisia que a sinceridade de alguém nos parece um sarcasmo" (Helena)

"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-lhe" (Friedrich Nietzsche)



SINCERIDADE PROSCRITA

A verdade permanece sepultada sob as máximas de uma falsa delicadeza. Chama-se saber viver à arte de viver com baixeza. Não se põe diferença entre conhecer o mundo e enganá-lo; e a cerimônia, que deveria ater-se inteiramente ao exterior, introduz-se nos nossos costumes mesmos.

A ingenuidade deixa-se aos espíritos pequenos, como uma marca da sua imbecilidade. A franqueza é olhada como um vício na educação. Nada de pedir que o coração saiba manter o seu lugar; basta que façamos como os outros. É como nos retratos, aos quais não se exige mais do que parecença.Crê-se ter achado o meio de tornar a vida deliciosa, através da doçura da adulação.

Um homem simples que não tem senão a verdade a dizer é olhado como o perturbador do prazer público. Evitam-no, porque não agrada; evita-se a verdade que anuncia, porque é amarga; evita-se a sinceridade que professa, porque não dá frutos senão selvagens; temem-na porque humilha, porque revolta o orgulho que é a mais cara das paixões, porque é um pintor fiel, que faz com que nos vejamos tão disformes como somos.

Não há por que nos espantarmos, se ela é rara: é expulsa, proscrita por toda a parte. Coisa maravilhosa: só a custo encontra asilo no seio da amizade!

Seduzidos sempre pelo mesmo erro, não fazemos amigos senão para dispormos de pessoas particularmente destinadas a comprazer-nos: a nossa estima acaba com a sua complacência; o termo da amizade é o termo dos agrados. E tais agrados que são? Que é o que nos agrada mais nos nossos amigos? São os contínuos louvores, que deles recolhemos como tributos. (in Elogio da Sinceridade)

domingo, 4 de outubro de 2009

Dia 4 de outubro: dia de São Francisco de Assis


Nascido em Assis (Itália) por volta de 1181/1182, foi batizado com o nome de Giovanni. O nome Francisco (em italiano Francesco: pequeno francês) foi-lhe dado pelo pai Petri di Bernardone que, como comerciante, achou por bem mudar o nome em homenagem à França - lugar onde realizava bons negócios. Foi canonizado em 1228 por Gregório IX.

Por seu grande amor aos animais, o dia 4 de outubro é também conhecido como o Dia Internacional da Ecologia, Dia da Natureza, Dia dos animais, Dia Mundial das crianças.

Acostumei-me a ver Francisco de Assis como um "santo". Porém, hoje não o vejo só assim...Vejo nesse excepcional homem um revolucionário que ousou criticar uma Igreja que se deteriorava a largos passos; vejo um apaixonado por Deus que conseguia ver a face do Amado em toda a Sua criação - fossem homens, animais, plantas, estrelas e planetas, forças naturais ( como a chuva, o vento, o fogo), aos quais chamava de irmãos...

Vejo um exemplo de desprendimento : Francisco não se isolava como um eremita, despojado de bens materiais e dependente da caridade alheia. .Vejo um exemplo de desprendimento : Francisco não se isolava como um eremita, despojado de bens materiais e dependente da caridade alheia.

Para se ter uma noção, na Ordem franciscana (e em sua vertente feminina, a Ordem das Irmãs Clarissas),os meios de subsistência são oriundos do trabalho individual, e só em último caso, é pedida ajuda externa.Não possuem bens de qualquer natureza.O voto de pobreza é seguido à risca : nem a própria roupa lhes pertence!. Seus trajes são humildes túnicas de grossa lã (com o significado simbólico de vestuário dos humildes) amarradas com uma corda na cintura e sandálias rústicas. O cordão contém três nós, símbolos dos votos de pobreza, obediência e castidade.

Em um mundo onde impera o poder do dinheiro, onde seitas cristãs associam o amor de Deus por seus eleitos à prosperidade, ao luxo traduzido por carros, mansões, fazendas e empresas; onde a pobreza é considerada uma "obra do Diabo" é muito difícil conceber alguém como Francisco de Assis...Somente um louco - diria-se hoje - faria o que ele fez, viveria como ele viveu...

Francisco veio de uma família abastada, onde teria um natural futuro de próspero, bem sucedido comerciante.Porém, desfez-se de todos os seus bens materiais para viver uma vida de oração viva em meio à pobreza...Naquele histórico momento, em que numa praça abdicou de sua herança frente a um pai estupefato, assistiu-se o nascimento de um homem ímpar...

Há alguns mistérios que cercam a vida de Francisco (por exemplo, o fenômeno das cinco chagas de Cristo, entre outros); há um lado místico de alguém altamente evoluído e, que ainda hoje desafia a Ciência.Independentemente do que possa ser inserido no campo dos milagres da fé, algo é digno de nota: a fidelidade aos seus altos princípios morais, sua irrepreensível conduta após a "iluminação", seu amor incondicional, seu pacifismo inimaginável à época em que viveu...Raros homens puderam ser tidos como exemplos de virtude ao longo dos séculos...Religiões vêm e vão; surgem umas, renascem outras tais quais Fênix; desaparecem , hibridizam-se e se transmutam em novas promessas divinas...Porém, avatares não morrem, nem se perdem suas palavras...

O que poderíamos hoje apreender do exemplo de Francisco? O abandono de bens materiais não deve ser seguido ao pé da letra em nosso mundo capitalista; entendâmo-lo como o desapego a estes bens como uma renúncia consciente do supérfluo; pensêmo-lo como uma barreira à ganância que produz workaholics(viciados em trabalho), ao muito dinheiro no bolso e poucos amigos leais, à baixa qualidade de vida,à fortuna que escraviza e transforma irmãos em inimigos após a morte do pai...

Tenho um oratório em minha sala (para desespero dos evangélicos que acreditam que cultuo imagens afrontando a Bíblia...) com uma escultura de São Francisco de Assis.Ela serve para me lembrar a cada dia os altos valores que devo desenvolver em mim...ela me fala, pelo evocar da conduta de Francisco, de Amor, de alguém que em relação às pessoas _ independentemente de seus credos, cor de pele, raça ou sexo dizia: "Todos os seres são iguais, pela sua origem, seus direitos naturais e seu objetivo comum". TAU é a sua assinatura que espalha o amor universal, a paz e a humildade, o comedimento e equilíbrio nas situações do dia-a-dia...

Francisco de Assis morreu em 1226.Repetindo o episódio de seu nascimento, sua renúncia à vultosa herança paterna (onde se despiu em praça pública e entregou suas próprias vestes ao pai), entregou-se à morte nú. Suas palavras: 'Nú sobre o chão nú"!

Deixo abaixo duas poesias (orações) belíssimas. A primeira, Oração da Paz :

Senhor: Fazei de mim um instrumento de Vossa Paz!
Onde houver ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a Luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado;compreender que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
É perdoando que se é perdoado e
É morrendo, que se vive para a vida eterna.
Amém.

O CÂNTICO DO IRMÃO SOL (OU LOUVORES DAS CRIATURAS)

Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a bênção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela Irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo Irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo,
Pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela Irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo Irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite.
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa Irmã a Mãe Terra,
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados os que as sustentam em paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa Irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes à tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.